O Cinema é uma Arte que depende de elementos tecnológicos para existir e para o desenvolvimento da sua linguagem, equipamentos para captação de imagens (câmeras) e projeções (projetores) são fundamentais para a sua existência. Conforme a linguagem do cinema se desenvolve e ganha significação social, surgem movimentos e teorias ditando como deve ser a criação cinematográfica, destacando quais são as características permitidas e/ou quais seriam os recursos negados. O conjunto de regras forma preceitos estéticos que vão caracterizar a criação artística, assim destacados por movimentos artísticos como o Expressionismo alemão, o Surrealismo, o Neorrealismo italiano, a Nouvelle vague francesa, o Cinema novo brasileiro e, o mais recente, o Dogma 95.
O movimento cinematográfico conhecido como Dogma 95 surgiu em Copenhague, capital da Dinamarca, no ano de 1995, sendo apresentado ao mundo na capital francesa em um evento que comemorava os cem anos do “nascimento do cinema”. O movimento teve os cineastas Lars von Trier (1956-) e Thomas Vinterberg (1969-) como idealizadores, sendo os responsáveis por criar os preceitos estéticos, baseados em dez regras, ou “voto de castidade”, lançadas em forma de manifesto:
1) As filmagens devem ser feitas no local. Não podem ser usados acessórios ou cenografia (se a trama requer um acessório particular, deve-se escolher um ambiente externo onde ele se encontre).
2) O som não deve jamais ser produzido separadamente da imagem ou vice-versa. (A música não poderá ser utilizada a menos que ressoe no local onde se filma a cena).
3) A câmera deve ser usada na mão. São consentidos todos os movimentos - ou a imobilidade - devidos aos movimentos do corpo. (O filme não deve ser feito onde a câmera está colocada; são as tomadas que devem desenvolver-se onde o filme tem lugar).
4) O filme deve ser em cores. Não se aceita nenhuma iluminação especial. (Se há muito pouca luz, a cena deve ser cortada, ou então, pode-se colocar uma única lâmpada sobre a câmera).
5) São proibidos os truques fotográficos e filtros.
6) O filme não deve conter nenhuma ação "superficial". (Homicídios, Armas, Sexo, etc. não podem ocorrer).
7) São vetados os deslocamentos temporais ou geográficos. (O filme ocorre na época atual).
8) São inaceitáveis os filmes de gênero.
9) O filme final deve ser transferido para cópia em 35 mm, padrão, com formato de tela 4:3. Originalmente, o regulamento exigia que o filme deveria ser filmado em 35 mm, mas a regra foi abrandada para permitir a realização de produções de baixo orçamento.
10) O nome do diretor não deve figurar nos créditos. Para que um filme fosse considerado pertencente ao movimento, uma cópia deveria ser enviada para ser analisada em Copenhague e somente assim a obra ganharia o “selo dogma”.
2) O som não deve jamais ser produzido separadamente da imagem ou vice-versa. (A música não poderá ser utilizada a menos que ressoe no local onde se filma a cena).
3) A câmera deve ser usada na mão. São consentidos todos os movimentos - ou a imobilidade - devidos aos movimentos do corpo. (O filme não deve ser feito onde a câmera está colocada; são as tomadas que devem desenvolver-se onde o filme tem lugar).
4) O filme deve ser em cores. Não se aceita nenhuma iluminação especial. (Se há muito pouca luz, a cena deve ser cortada, ou então, pode-se colocar uma única lâmpada sobre a câmera).
5) São proibidos os truques fotográficos e filtros.
6) O filme não deve conter nenhuma ação "superficial". (Homicídios, Armas, Sexo, etc. não podem ocorrer).
7) São vetados os deslocamentos temporais ou geográficos. (O filme ocorre na época atual).
8) São inaceitáveis os filmes de gênero.
9) O filme final deve ser transferido para cópia em 35 mm, padrão, com formato de tela 4:3. Originalmente, o regulamento exigia que o filme deveria ser filmado em 35 mm, mas a regra foi abrandada para permitir a realização de produções de baixo orçamento.
10) O nome do diretor não deve figurar nos créditos. Para que um filme fosse considerado pertencente ao movimento, uma cópia deveria ser enviada para ser analisada em Copenhague e somente assim a obra ganharia o “selo dogma”.
É interessante notar o contexto que o movimento surgiu: na década de 1990, as produções eram dominadas pelas superproduções da indústria cinematográfica, com filmes repletos de efeitos especiais e não naturalista, que mais se afastavam do real do que representavam-o. Segundos os teóricos do Dogma 95, o cinema estava se esvaziando de significado e a sua linguagem “estava pobre”. Portanto, era preciso revitalizar a linguagem cinematográfica, começando por destituir tudo aquilo que fosse prejudicial para o cinema enquanto arte.
Os dois primeiros filmes do movimento foram: “Festa de família” (Dogma #1, 1998), de Thomas Vinterberg; e “Os idiotas” (Dogma #2, 1998), de Lars von Trier. No primeiro, Vintemberg segue todos os preceitos do dogma, câmera na mão, luz natural, as locações das filmagens não são alteradas, são utilizadas como se apresentam. O destaque é o roteiro, mostrando um patriarca de uma família tendo que lidar com um conjunto de revelações que questionam o status e a moral do grupo. Já no filme de Lars von Trier, um grupo de indivíduos tenta “idiotizar” a sociedade burguesa com práticas que fogem do comportamento social padrão.
Os adeptos do Dogma 95 criaram um conjunto de regras que justificavam uma determinada prática cinematográfica com o objetivo de obter um “cinema puro”, que voltasse as suas origens no tratamento da imagem. Mas, ao mesmo tempo que buscavam se libertar do cinema comercial, criaram um conjunto de “votos de castidade” que condicionavam a criação cinematográfica, eliminando inclusive a figura do autor do filme. Depois, Vinterberg e Lars von Trier abandonaram o movimento seguindo carreiras dentro de um cinema autoral, com extrema qualidade.
Trailer do filme "Festa em família" / Dogma #1:
Trailer do filme "Os idiotas" /Dogma #2:
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