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Videoclipes araraquarenses

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A minha história com videoclipes em Araraquara remonta a junho de 2015 quando participei da produção e captação de imagens dos três lançados pelo Liniker e os Caramelows (‘Zero’, ‘Louise du Brésil’ e ‘Caeu’). A proposta era gravar três músicas ao vivo e, ao mesmo tempo, captar imagens para serem lançadas em vídeos no youtube. Tudo ocorreu na sala da casa do guitarrista da banda a partir da produção colaborativa feita por vários artistas da cidade, dentre eles músicos, fotógrafos e cineastas. 

Todo o processo de gravação das três músicas e captação das imagens do Liniker e os Caramelows durou três dias, dois foram destinados à produção, ensaios e ajustes técnicos e o último para as gravações. Havia uma áurea, uma certeza, entre os envolvidos de que o resultado final seria de extrema qualidade. O que se concretizou a partir de outubro de 2015, quando os vídeos foram disponibilizados no youtube obtendo milhares de visualizações.  

Ao chegar de viagem de 25 dias pela Bolívia e Peru, em janeiro deste ano, participei de um dia de produção do videoclipe da música ‘A sina de um Castilho’ da Banda Castilhos, o meu quarto trabalho na área. O convite partiu da atriz e produtora Carol Gierwiatowski para que ajudasse na produção no dia da gravação comandada pelo talentoso fotógrafo araraquarense Deivide Leme, que em breve se tornará um dos maiores nomes da área no Brasil. 

Vendo e ouvindo agora o excelente resultado final do videoclipe ‘A sina de um Castilho’, volto para o ano de 2007, quando eu e o guitarrista da banda Castilhos, Dario Primo, conversávamos com frequência sobre música na UNESP. Entenda-se que as conversas giravam em torno do White Stripes e Radiohead, que havia acabado de lançar o disco ‘In Rainbows’. 

Hoje, ouço a música, vejo o videoclipe dos Castilhos e reforço a crença no trabalho coletivo. Depois deste trabalho, tive a sorte, o prazer e o aprendizado de continuar dialogando/trabalhando com a Simone Dib, fotógrafa que foi assistente de direção, a Carol Gierwiatowski e o Deivide Leme. O videoclipe da música "A sina de um Castilho" foi lançado às 08h do dia 20 de maio de 2016, em termos audiovisuais, um dos melhores já realizados na cidade.

Videoclipe "Zero"


Videoclipe "A sina de um Castilho"

Cinema, Música e Videoclipe

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Em termos históricos, a música enquanto arte possui uma longevidade maior do que o cinema. Enquanto a primeira sempre acompanhou a humanidade; o segundo possui pouco mais de cem anos. A relação da música pop com o cinema é prolífera e se destaca na produção de videoclipes, seja com bandas e cantores utilizando trechos de filmes de diretores consagrados, como é o caso das bandas Queen, The Smashing Pumpkins e Arcade Fire; ou mesmo cineastas como Sofia Coppola, Gus Van Sant e Michel Gondry que dirigiram videoclipes para as bandas The White Stripes, Red Hot Chilli Pepers e para a cantora Björk. 

A banda inglesa Queen, formada pelo vocalista Freddie Mercury (1946-1991), pelo guitarrista Brian May (1947-) e pelos músicos John Deacon (1951-) e Roger Taylor (1949-), é uma das principais bandas dentro do gênero hard rock nas décadas de 1970 e 80. Sua relação com o cinema se dá no videoclipe da música “Radio Ga Ga”, lançada no disco “The Works” de 1984, com reprodução de trechos do filme “Metrópolis” (1927) do cineasta germânico Fritz Lang (1890-1976), sendo um dos maiores expoentes do expressionismo alemão. 

Em 1995, a banda estadunidense The Smashing Pumpkins lança o videoclipe da música “Tonight, Tonight” do disco “Mellon Collie and the Infinite Sadness”, gravado por Billy Corgan (1967-), D'arcy Wretzky (1968-) e James Iha (1968-). A banda insere trechos e se inspira no filme “Viagem à lua” (Le Voyage dans la lune, 1902) do cineasta francês e um dos pais do cinema narrativo Georges Méliès (1861-1938) para produzir o videoclipe, que é dirigido pelo casal de cineastas Jonathan Dayton (1957-) e Valerie Faris (1958-), mais conhecidos por dirigirem o filme “Pequena Miss Sunshine” (Little Miss Sunshine, 2006). 

A banda canadense Arcade Fire, formada pelo casal Win Butler (1980-) e Régine Chassagne (1977-), utilizou cenas do filme “Orfeu negro” (Orphée Noir, 1959), dirigido pelo cineasta francês Marcel Camus (1912-1982) na música “Afterlife” do disco “Reflektor” (2013). A produção é baseada na peça “Orfeu da Conceição” (1954) de autoria de Vinícius de Morais (1913-1980) com a trilha sonora de Tom Jobim (1927-1994) e Luiz Bonfá (1922-2001), recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme revisita o mito de grego de Orfeu e Eurídice. As cenas utilizadas no videoclipe dialogam com a letra da música, pois há uma relação entre a letra com cenas do filme e uma alusão à música “We can work it out” dos Beatles, no trecho “Can we work it out?”. 

Um videoclipe muito interessante é o da música “I Just Don’t Know What to do with Myself”, do disco Elephant (2003) da banda estadunidense The White Stripes, que é composta por Jack White (1975-) na guitarra e Meg White (1974-) na bateria. Neste videoclipe, tem-se a direção da cineasta Sophia Coppola (1971-) e conta com a participação da modelo Kate Moss (1974-), que faz a interpretação da canção a partir de gestos corporais rítmicos e sensuais, que dialogam, ao mesmo tempo, com o ritmo e faz um contraponto com a letra. No entanto, o que impera é a beleza da imagem com o ritmo do movimento da modelo no pole dance, além do contraste de luz e sombra da fotografia. 

The White Stripes trabalhou com outros cineastas em seus clipes, como é o caso do francês Michel Gondry (1963-), que dirigiu videoclipes para Paul McCartney (Dance Tonight), Beck (Cell Phone's Dead), Björk (Human Behaviour), Radiohead (Knives Out), The Rolling Stones (Like A Rolling Stone), Daft Punk (Around the World) e Massive Attack (Protection). O cineasta francês ficou famoso por dirigir os filmes “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004) e “A Natureza Quase Humana” (Human Nature, 2001). 

O diretor estadunidense Gus Van Sant (1952-) dirigiu o videoclipe da música "Under the Bridge" do disco “Blood Sugar Sex Magik” (1991) da banda Red Hot Chili Peppers. Gus Van Sant se destacou com filmes como “Elephant” (2003), com o qual ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e “Last Days” (2005) que mostra de forma ficcional os últimos dias do vocalista do Nirvana Kurt Kobain (1967-1994); como também “Paranoid Park” (2007) no qual o cineasta faz uma releitura do romance “Crime e Castigo” (1866) do escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881).
  
Tudo começou com os Beatles que não queriam se apresentar ao vivo no programa do apresentador estadunidense Ed Sullivan (1901-1974) e resolveram mandar um “vídeo promocional” com a performance de uma de suas canções para ser exibido no programa. Com isso, criaram o objetivo do videoclipe: o de promover o artista e o torná-lo onipresente em canais de comunicação. O videoclipe nasce dependente da música e passa a se relacionar com o cinema. Cineastas passam a dirigi-los e, até mesmo, serem influenciados por ele, como o caso do diretor Darren Aronofsky (1969-) no filme “Réquiem para um Sonho” (Requiem for a Dream, 2000), com cortes rápidos e planos curtos. Música, Cinema, Videoclipe; Cinema, Videoclipe, Música; Videoclipe, Música, Cinema.

O Videoclipe Dentro do Audiovisual

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Os gêneros, dentro de uma dada linguagem, podem ser considerados como particularidades que os identificam e os singularizam em relação a outros gêneros. Se pegarmos a área do audiovisual, o videoclipe seria um gênero que se desprende do Cinema e se configura com características próprias a partir de dois elementos sintáticos bases: a performance e a narratividade. Há três principais estágios do desenvolvimento do videoclipe: o primeiro, a sua gênese na década de 1960 com os Beatles; o segundo, na década de 1980 com o surgimento da MTV; e o terceiro, a partir do ano de 2005 com o surgimento do site youtube. 

No seu início, o videoclipe se desprende dos musicais hollywoodianos, que serviram como modelo para bandas e cantores de rock para venderem não só a música, mas também a imagem do artista. Um dos pioneiros neste segmento foi Elvis Presley (1935-1977), que atuou em mais de vinte produções. A função da música era apenas a de suspender a ação e fazer um comentário sobre a narrativa. Assim, quando a ação era suspensa começa a performance do artista. Os musicais se mostraram de estrema valia para a então nascente indústria musical, por ser um meio de fácil assimilação junto ao público e também por ser um excelente canal de divulgação.  

Na década de 1960, há uma quebra importante com a estrutura e um novo recurso, que surgiria dentro de um musical, mas que será um dos elementos que caracterizarão o videoclipe. No filme “A Hard Day's Night” (Inglaterra, 1964), do diretor Richard Lester, os Beatles dão o primeiro passo para aquilo que será conhecido depois como vídeos promocionais de divulgação. Na cena da música “I should have known better”, os Beatles, após correrem pelo trem, acabam se trancando dentro de um compartimento de cargas, enquanto há fãs que os observam, começam a cantar a música. O elemento inovador consiste no fato da cena não haver nenhum instrumento musical, que aparecem de repente (guitarra, baixo, bateria e gaita) e depois somem, o que quebra com o naturalismo da narrativa, juntamente com a passagem da música extradiegética para diegética, ou seja, a passagem do som que está fora do universo da ação para um dentro do universo da ação. 

Os Beatles seriam responsáveis ainda por dar o objetivo que caracteriza o videoclipe: o promocional. Não podendo comparecer ao diversos compromissos e não querendo mais fazer shows ao vivo, resolveram gravar vídeos, na época chamados de “vídeos-promocionais”, e os enviaram às emissoras de televisão. Os primeiros vídeos gravados foram “Paperback Writer” e “Rain”, em 1966, que foram exibidos no programa do apresentador estadunidense Ed Sullivan, no canal CBS. A banda ainda produziu diversos outros vídeos, merecendo especial destaque “Strawberry Fields Forever” e “Panny Lane”. 

Na década de 1980, surge o segundo e mais importante estágio da história do videoclipe, inaugurado pela criação do canal MTV (Music TeleVision), em 1981. Durante mais de 20 anos, a emissora foi a referência e a controladora do gênero, assimilando a sua imagem ao videoclipe. Os videoclipes eram elementos fundamentais para a promoção mercadológica de determinadas bandas, que deveriam produzir vídeos de divulgação que eram exibidos na grade da emissora. Neste segmento, tem-se o auge dos artistas pop da década de 1980 e 1990, que assimilaram a importância do videoclipe para a vendagem de discos, como Michael Jackson, Madonna, Dire Straits, e até mesmo a banda Nirvana, com o seu “Smells Like Teen Spirit”. 

O terceiro estágio surge a partir dos anos 2.000 com a popularização das câmeras filmadoras e barateamento da produção audiovisual, o que propiciou e popularizou o formato do videoclipe, pois qualquer artista ou banda poderia produzir os seus vídeos promocionais e colocá-los no youtube, o que criou uma cena independente de produção e distribuição. No entanto, até mesmo os “grandes” artistas pop assimilaram a importância do canal, de modo que passaram a criar contas para colocarem os seus vídeos na internet. Todavia, o maior resultado de promoção dos vídeos e, consequentemente, dos cantores e bandas pop veio da parodia dos videoclipes, que criavam uma gama enorme de reproduções das coreografias e das performances, das mais bizarras e grotescas possíveis. 

O videoclipe, enquanto gênero audiovisual autônomo, surge apenas na década de 80 do século passado. Em sua gênese, ele se desprende dos filmes musicais hollywoodianos, a partir dos vídeos promocionais dos Beatles, na década de 1960, e desenvolve características próprias, como narratividade e performance, de forma sintética. Estes dois elementos apresentam-se como estruturas recorrentes na maioria das obras do gênero: há a performance, com os músicos da banda simulando executarem a canção e há, na maioria dos casos, uma micronarrativa, desta maneira a organização sintática origina-se na alternância destes dois elementos. No entanto, o youtube e a popularização das câmeras de filmagem ampliaram o gênero e tornaram mais fácil a produção e a divulgação. A questão da parodia dos videoclipes é um artigo a parte.