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Viver É Fácil Com Os Olhos Fechados

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Em janeiro de 1969, a pequena cidade de Matão, no interior de São Paulo, hospedou por alguns dias os músicos Mick Jagger e Keith Richards da banda inglesa de Rock The Rolling Stones. Durante o período que permaneceram na cidadezinha, há quem diga que o guitarrista da banda teve como influência a viola caipira para compor a célebre música “Honky Tonk Women”. A passagem de um grande músico por uma pequena cidade é o mote do filme espanhol “Viver é fácil com os olhos fechados” (Vivir es fácil con los ojos cerrados, 2013), dirigido pelo cineasta David Trueba, que destaca a estadia de John Lennon (1949-1980) em um pequeno vilarejo na província de Almeria na região espanhola da Andaluzia. 

O ano é 1966, Antonio (Javier Cámara) é um professor em uma pequena cidade do interior da Espanha que utiliza as músicas dos Beatles para ensinar o idioma inglês. Sua rotina de ensino é quebrada quando recebe a notícia que John Lennon está na província de Almeria para gravar um filme. Resolve ir ao encontro do seu grande ídolo e inspirador. No caminho, oferece carona para a jovem Belén, de 21 anos, que está fugindo de um lar para jovens grávidas, e para Juanjo, um adolescente que foge da autoritária casa paterna por não concordar com o conservadorismo, não apenas do pai, mas também da sociedade espanhola franquista. Antonio chega à cidade base da produção do filme e tenta de todas as maneiras se encontrar com Lennon. 

Viver é fácil com os olhos fechados” é um Road Movie, ou em uma tradução literal “filme de estrada”, um gênero cinematográfico no qual a ação se desenvolve a partir de uma viagem. As personagens se deparam com situações-problemas que são expostas e trabalhadas no decorrer do deslocamento, como ocorre também com os filmes “Easy Rider” (1969), “A Encruzilhada” (1982), “Telma e Louise” (1991), “E sua mãe também” (2001.), “Diários de motocicleta” (2004) e “Pequena Miss Sunshine” (2006). No gênero, a paisagem ganha importância por apresentar locais belos, exóticos. Na produção espanhola, Antonio se desloca pela região de Andaluzia (a mesma do poeta Federico García Lorca) e pela exuberante e árida costa da província de Almeria. 

Filmes que tratam diretamente ou indiretamente sobre os Beatles possuem uma carga enorme de intertextualidade com referências explícitas e/ou implícitas ao universo do quarteto de Liverpool. Na cena inicial de “Viver é fácil com os olhos fechados”, Antonio está discutindo com a sua classe de jovens alunos o que a palavra em inglês “help”, “ayuda” em espanhol, significa no contexto da música composta por John Lennon e em um outro mais profundo, filosófico. Em Almeria, o professor fica hospedado em um hotel próximo a uma plantação de morangos, aludindo, assim, aos versos da música “Strawberry Fields Forever”, que John Lennon compôs durante a sua estadia na província espanhola. 

John Lennon foi à Espanha no outono de 1966 para filmar a produção “How I Won the War” (“Como ganhei a Guerra”) com a direção de Richard Lester, diretor dos filmes dos Beatles “A Hard Day's Night” (1964) e “Help” (1965). Da sua estadia, originou-se a famosa foto da capa da primeira edição da revista Rolling Stone lançada em novembro de 1967, como também alguns versos da música “Strawberry Fields Forever”, que foi lançada no dia 13 de fevereiro de 1967 em um compacto juntamente com a composição "Penny Lane". No filme de David Trueba, a personagem Antonio se encontra com Lennon, e em diálogo particular ouve a fita demo da composição, sendo, deste modo, o primeiro a ouvir a música. 

As músicas dos Beatles estão presentes ao longo da produção, Antonio as analisa em sala de aula, cita em diálogos informais. No encontro com Lennon, o professor pede para que o músico visite a humilde escola e mande uma mensagem para os alunos, acaba não recebendo a visita, mas, algo melhor, ouve alguns versos de “Strawberry Fields Forever” que são gravados em um gravador portátil. O encontro não é mostrado, sendo destacado pela fala de Antonio. John Lennon não aparece, não se vê a figura do músico, sabe-se que ele está lá: na casa alugada na vila de Santa Isabel, onde se vê o pequeno Julian e a sua mãe Cynthia Lennon, no set de filmagens, no seu trailer, por fim, com Antonio. 

Strawberry Field” foi um orfanato, onde há o famoso portão vermelho, que fica na rua Beaconsfield Road no subúrbio de Woolton em Liverpool. Mas, também remete aos campos de morangos da província de Almeria, onde Lennon permaneceu por alguns meses para filmar “How I Won the War”. "Strawberry Fields Forever” é uma música excepcional, de seus versos “Living is easy with eyes closed” origina-se a inspiração para o filme de David Trueba. Em “Viver é fácil com os olhos fechados”, Antonio é movido pela música, ela faz parte do seu cotidiano pessoal e profissional, recebendo o apelido na escola de “quinto Beatles”. Por fim, o filme não é sobre os Beatles, ou sobre John Lennon, é sobre Antonio e sua paixão pela música.

Trailer do filme

‘Norwegian Wood’: Música, Livro e Filme

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O mercado fonográfico de alta-fidelidade (hi-fi) japonês é o mais rico e de maior qualidade para audiófilos, seja nos equipamentos como Sanyo, Sansui, Sony, Technics; ou mesmo em lançamentos de discos de vinil ou cd com boxes e projetos gráficos excepcionais e de luxo. Em relação aos Beatles, os melhores lançamentos são nipônicos, devido ao fato do país ser o segundo maior admirador do quarteto de Liverpool, ganhando inclusive inserção cultural na Literatura e no Cinema japonês com o romance ‘Norwegian Wood’ (1987), título inspirado em uma célebre música dos Beatles. O romance foi adaptado para o cinema com o filme ‘Como na Canção dos Beatles: Norwegian Wood’ (2013). 

Em 1965, os Beatles lançam o disco ‘Rubber Soul’, sem o nome da banda na capa, apenas com uma foto com uma leve distorção de George Harrison, John Lennon, Ringo Starr e Paul McCartney na capa. As sete músicas do lado A e as sete do lado B representaram um avanço no processo de ruptura temática e estrutural da música serial pop com músicas com uma temática mais poéticas como ‘In my life’ e ‘Girl’. Um dos grandes destaques está por conta da segunda canção do lado A, a inovadora "Norwegian Wood (This Bird Has Flown)", composta pela dupla Lennon-McCartney, que dialoga com a música modal hindu com a utilização do instrumento musical de cordas conhecido como Sitar indiano. 

Os versos da música ‘Norwegian Wood (This Bird Has Flown)’ narram a história do encontro de um rapaz com uma garota em um chalé (I once had a girl, or should I say / she once had me.../ She showed me her room, isn't it good/Norwegian wood?), passam uma noite juntos (She asked me to stay / and she told me to sit anywhere / So I looked around / and I noticed there wasn't a chair), ao amanhecer ela desaparece (And when I awoke, I was alone, this bird had flown / So I lit a fire, isn't it good, Norwegian wood...). O que se tem nos versos é uma cena de encontro e desencontro em um espaço fechado e em um tempo curto, narrando um jogo de sedução cheio de símbolos, metáforas e sugestões de dupla interpretação. 

Em 1987, foi lançado o romance ‘Norwegian Wood’ do escritor Haruki Murakami (1949-), um dos mais populares escritores japoneses contemporâneos. O título do romance alude à composição dos Beatles, já que a música serve como mote para a narrativa cheia de referências implícitas e explícitas ao universo pop e intelectual da década de 1960, tais como ao Rock com referências as bandas como The Beatles, The Doors, Cream, ou mesmo ao jazz com Milles Davis. O livro se constrói a partir da narração de um personagem homodiegético (narrador-personagem em primeira pessoa) que coloca e reflete sobre as suas questões existenciais e afetivas na Tóquio da década de 1960, fazendo, assim, um retrato de sua geração. 

O romance ‘Norwegian Wood’ é uma obra que conseguiu causar impacto na cultura japonesa, sendo adaptado para o cinema em 2013 com o filme ‘Norwegian Wood’ (traduzido no Brasil como ‘Como na Canção dos Beatles: Norwegian Wood’), a tradução, para ser mais vendável e direta, alude à canção homônima dos Beatles. A música é a preferida do protagonista Watanabe, que a associa ao seu grande amor da adolescência para a fase adulta: a bela Naoko. Após o suicídio de Kizuki, seu melhor amigo e namorado de Naoko, Watanabe vai estudar em Tóquio. No entanto, o filme não se constrói a partir de um triângulo amoroso, mantendo-se, assim, fiel à proposta temática do romance adaptado de ser uma narrativa de memória e de reflexão. 

Dois elementos se destacam no filme: a fotografia e a música. O primeiro segue uma tradição de planos artisticamente bem trabalhados com uma bela direção de arte, com uma fotografia que se assemelha à tradição estética e plástica de cineastas como Akira Kurosawa (1910-1998), na sua obra ‘Sonhos’ (1990); ou mesmo Kim Ki-duk (1960-) com ‘Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera’ (2003). O segundo ganha força aludindo e tendo como tema a canção dos Beatles, como também pela direção e composição da trilha sonora feita pelo guitarrista da banda inglesa Radiohead Jonny Greenwood (1971-). O músico ainda compôs as trilhas de filmes como ‘Precisamos Falar Sobre o Kevin’ (2011), ‘Sangue Negro’ (2007) e ‘O Mestre’ (2012). 

No filme ‘Como na Canção dos Beatles: Norwegian Wood’, Watanabe tinha uma garota ou ela o teve? O filme é uma adaptação do diretor franco-vietnamita Tran Anh Hung (1962-) de um romance de Haruki Murakami, que alude à canção dos BeatlesNorwegian Wood (This Bird Has Flown)’. Assim, há o filme que adapta o romance que alude à música; ou seja, uma “quadrilha" drummoniana de relações, para os apreciadores dos Beatles, da literatura japonesa e do cinema oriental, tendo a madeira norueguesa como combustível.

Trailer do filme:

A Música Pop Segundo os Beatles

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No princípio era o caos, o espectro dos Beatles pairava sobre a face das águas turvas do rio Mersey e disse John: “Haja o The Quarrymen”, e houve a banda. Viu que era bom. John chamou Paul, fez a separação da velha banda. E disse Paul: “haja uma expansão”, George foi chamado. Chamaram a nova criação de The Beatles, viram que eram bons, chamaram Ringo. No sétimo dia do mês de fevereiro de 1964, foram os Beatles para o local da gênese do gênero musical, desembarcam na cidade de Nova Iorque para a primeira visita aos Estados Unidos. A visita foi documentada através de fotos, escritos e do documentário “The Beatles: a primeira visita aos EUA” (The Beatles: First U.S. Visit). 

O documentário “The Beatles: a primeira visita aos EUA”, sendo dirigido pelos irmãos Albert (1926-) e David Maysles (1932-1987) em 16 mm, retrata os quatorze dias que a banda permaneceu em solo estadunidense. São mostradas as duas apresentações ao vivo no programa do apresentador de televisão Ed Sullivan (1901-1974). A primeira apresentação ocorreu nos estúdios da CBS, em Nova Iorque, no dia nove de fevereiro para um público televisivo de mais de 73 milhões. Tocaram as músicas “All my loving”, “Till there was you”, “She loves you”, terminando com “I saw her standing there” e “I wanna hold your hand”. 

Entre a primeira aparição e a segunda no programa do apresentador Ed Sullivan acompanhamos as imagens do quarteto de Liverpool no quarto de hotel e o diálogo com o DJ Murray The K (1922-1982). Há uma proximidade, a câmera sempre se encontra próxima aos músicos, mostrando as ações espontâneas do grupo e o seu deslumbramento com a cidade de Nova Iorque. A histéria das fãs é mostrada. Em uma cena, tem-se um fato curioso: John Lennon está com um instrumento de sopro e começa a tirar algumas notas musicais, que se assemelham às usadas três anos depois na música  Strawberry fields forever”.

De Nova Iorque, os Beatles vão para Washington D.C. no dia 11 de fevereiro onde fazem uma apresentação no Washington Coliseun, que depois foi lançada em DVD com o nome de “Live in Washington D.C.”. Tocaram as músicas “Roll over Beethoven”, “From me to you”, “I saw her standing there”, “I wanna be your man”, “Please please me”, “Till there was you”, “She loves you” e “I want to hold your hand”. No documentário colocaram apenas as performances de “I saw her standing there”, “I wanna be your man” e “I want to hold your hand”. 

Em seguida, no dia 13, acompanhamos os fab four em Miami Beach, Flórida, onde tem-se a famosa sessão de fotos tiradas pelo fotógrafo Dezo Hoffmann (1918-1986) para a revista Life, como também a última apresentação no programa do Ed Sullivan, no dia 16, entrando para o documentário as músicas “From me to you”, “This Boys” e “All my loving”. No dia 18, conhecem ainda o maior boxeador de todos os tempos Cassius Clay (1942-), que depois mudaria o seu nome para Muhammad Ali

O documentário foi possível graças à evolução tecnológica das câmeras de filmagem, que se tornaram mais compactas. Ele foi filmado em 16 mm com a  proposta de documentar todos os passos dos Beatles nos Estados Unidos para ser, depois, transmitido em um especial para a televisão. Os irmãos Maysles fariam ainda o documentário “The Rolling Stones: Gimme Shelter” (1970) sobre a turnê da banda pelos Estados Unidos divulgando o disco “Let it bleed” (1969). Os Maysles foram uma grande influência para o cineasta e documentarista D. A. Pennebaker (1925-), que filmou a turnê do bardo Bob Dylan pela Inglaterra, em 1966, dando origem ao documentário “Don’t look back”. Pennebaker filmou ainda “Ziggy Stardust and the Spiders from Mars” do músico britânico David Bowie (1947-), em 1973. 

A importância dos Beatles para a música popular da segunda metade do século XX é um fato concreto. Sua influência se estende por diversos campos indo além do musical e entrando na esfera da cultura popular. A primeira visita dos Beatles aos Estados Unidos é significativa, pois o país é o centro de irradiação da cultura pop e local de gênese do rock através da árvore genealógica de parentes distantes como o Blues e o Fiddle. Com a invasão britânica, há a inversão dos pólos de influência, antes os Estados Unidos eram os produtores e exportadores, naquele momento tornaram-se receptores e consumidores. No princípio era a música, e a música estava com os Beatles, e a música era os Beatles. Tudo foi feito por eles; e nada do que tem sido feito depois, foi feito sem eles. Quem tiver ouvidos, ouça.

Abbey Road: o último e o penúltimo disco dos Beatles

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Muito se escreveu, e tem-se escrito, sobre os Beatles. A banda inglesa revolucionou a Música Serial Pop, elevando-a a um patamar artístico dentro da musica pop mundial. A sua discografia representa todo um percurso de ascensão criativa, desde o primeiro álbum de estúdio Please, Please Me (U.K., 1962), passando por álbuns como Help (U.K., 1964); Revolver (U.K., 1966); Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (U.K., 1967); White Album (U.K., 1968) e, o seu último álbum de estúdio, Abbey Road (U.K., 1969), que a consolidou como a principal banda de rock da segunda metade do século XX. 

O Álbum Branco havia sido lançado em 30 de novembro de 1968, podendo ser considerado como parte do grupo de obras em termos artísticos mais elevadas já criadas ao lado da “Capela Sistina”, da “Nona Sinfonia”, de “Os Irmãos Karamazov”, de ‘O Sétimo Selo”, da “Balada do Mar Salgado”. Nele, os Beatles conseguiram atingir o seu ápice criativo. No início de 1969, John, Paul, George e Ringo se reuniram para gravar um novo e audacioso projeto, que se mostrou conturbado e caótico, sem falar de traumático. Queriam um álbum mais sintético e puro, sem o avant-gard de Sgt. Pepper ou de White Album, executaram Let It Be, que posteriormente resultou em um filme e em um álbum homônimo lançado em 1970. Após abandonar este projeto, o Fab Four entra novamente no estúdio Abbey Road, em Londres, para gravar o seu último álbum de estúdio, intitulado Abbey Road

Abbey Road é o disco mais popular e o mais vendido de todos os outros treze da discografia oficial dos Beatles. São, ao todo, dezessete músicas, se bem que na contra capa aparecem apenas o nome de dezesseis; Paul havia “escondido” uma faixa surpresa “Her Majesty” no Lado B. A álbum possui uma estrutura interessante, dual, mas sintética. O Lado A, com as suas seis faixas, estaria relacionado com a proposta das músicas do White Album-, músicas mais “rockeiras”. O Lado B, com a exceção de “Here Comes The Sun”, pode ser considerado a primeira tentativa de se compor uma “Ópera Rock”. Todas as nove canções se encaixam em uma estrutura coesa, começando com a sombria “Because”, indo até o término com a frenética e depois calma “The End”, terminando como se fosse uma voyage, no sentido baudelairiano do termo; mas depois da pausa, tem-se o presente para ela. Alguns anos depois os Sexs Pistols fariam uma canção afirmando o contrário. 

Se utilizássemos a teoria do crítico estadunidense Harold Bloom sobre a “Angústia da influência”, diríamos que os Beatles se encontram no centro do cânone da música pop serial. Basta vermos o impacto que as composições e os álbuns causam nos procedentes. “Come Together” é a faixa que abre o álbum, com um dos riffs e um dos refrões mais populares de todos os tempos: “Come together / right now / over me”. O vocal de John é “arrastado”, a sua prosódia está em um meio termo entre o falado e o cantado-, modelo este que seria a base do Rap. 

A segunda composição “Something” é a segunda música mais regravada do Beatles, perdendo apenas para “Yesterday”. Contrariando Frank Sinatra, que dizia ser “Something” a sua composição predileta da dupla Lennon-McCartney. A autoria é de George Harrison, que a compôs em homenagem a sua esposa Pattie Boyd, que ainda ganharia “Layla” de Eric Clapton. Além da letra e da melodia, tem-se o espetacular baixo de Paul, o que resultou em uma das mais famosas lendas sobre os Beatles: a de que Paul queria “sacanear” o George, criando uma composição para baixo fenomenal.

A faixa seguinte é uma típica composição Lennon-McCartney “Maxwell’s Silver Hammer”, um rock experimental com as marteladas de Mal Evans-, o que contrasta com faixa seguinte “Oh! Darling”: uma típica composição, chorosa, de Paul, com uma levada que caminha entre o vocal de Blues e de Soul. Em seguida, há a “faixa Ringo” de cada álbum: “Octopus Garden”-, uma boa composição do baterista. O Lado A termina com a pesada “I Want You (She’s so Heavy)”; uma verdadeira precursora do Hard Rock e do Heavy Metal. Uma típica canção Lennon, que se assemelhando às outras como “Yer Blues”; “Happiness Is A Harm Gun”; “Tomorow Never Knows”. A melodia é lenta, com destaque para os solos de guitarra de George e para a bateria de Ringo, que dão um tom pesado (heavy) para a música. A faixa é uma composição pesada e sombria. 

Here Comes The Sun” abre o Lado B, sendo outra famosa composição de George Harrison, que se mostra um excelente compositor. Em seguida, têm-se quase dezessete minutos ininterruptos de música, todas as outras nove composições se encaixam como se fossem uma única faixa. Começa-se com “Because”, com um vocal de John, passando por “You Never Give Me Your Money”, cantada apor Paul; por “Sun King”, com trechos em vários idiomas; “Mean Mr. Mustard” e “Polytheme Pam”, tendo um crescendo com “She Came In Trhough The Bathroom Window”-, chegando à calma “Golden Slumber” (inspirada em uma música de acalanto), que se segue por “Carry That Weight” e termina com “The End”, neste ponto tem-se o melhor solo de bateria jamais tocado por Ringo. 

O fim da opereta é anunciado, o álbum é lançado-, os quatro atravessam as faixas da rua Abbey Road. Há a teoria da conspiração: “Paul is Dead”, seus olhos estão fechados-, está descalço. Deixando de lado a teoria de lado, o A e o B são ambos diferentes; mas com uma grande qualidade a sua maneira; o que originou um álbum sintético, com características de todos os álbuns anteriores concebidos pelo Fab Four. O disco começa com “Come Together”; “The End” não é niilista como a de Morrison. Ouçam o disco em estéreo ou mono (se possível em um conjunto Marantz), acabou o Lado A-, a agulha subiu após “I Want You (She’s so Heavy)”, levante-se e vire-o: “Here Comes The Sun”.

A Nostálgica Liverpool

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Vários poetas compõem versos sobre as suas cidades: Charles Baudelaire (1821-1867) escreve sobre a sua Paris no seu “Tableaux Parisians” (Quadros parisienses); Arthur Rimbaud (1854-1891) nos fala sobre as “Cidades imaginárias”, ou “Le Ville Imaginaire”; Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) relata as suas lembranças itabiranas, de onde o poeta mineiro “trouxe prendas diversas”. Cada poeta e artista canta a sua cidade a sua maneira, eternizando-a em poemas e canções. No vasto repertório de composições da dupla John Lennon (1940-1980) e Paul McCartney (1942-), as músicas, compostas ainda na época dos Beatles, “Strawberry Fields Forever" e “Penny Lane” se destacam por fazerem referências à cidade de Liverpool, na Inglaterra. 

Penny Lane” e “Strawberry Fields Forever” foram lançadas em 17 de fevereiro de 1967; por incrível que pareça este é o único compacto dos Beatles que não alçou o primeiro lugar nas paradas britânicas e estadunidense, chegando ao segundo lugar, apenas. Não que isto tire o mérito da composição, pelo contrário, ambas figuram entre as composições da dupla Lennon-McCartney mais elogiadas pela crítica musical popular e erudita. O compacto está no ponto de transição entre os dois discos mais criativos do quarteto de Liverpool: o disco Revolver, lançado em 05 de agosto de 1966; e o álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band lançado em 01 de junho de 1967. 

Strawberry Fields Forever” é uma composição marcadamente com o estilo de John Lennon com uma pequena contribuição de Paul McCartney em alguns versos. Destaque para a introdução com piano mellotron, arranjos com três violoncelos e quatro trompetes feitos pelo produtor da banda George Martin (1926-). O tema centra-se no terreno do exército da salvação em Liverpool que se chama Strawberry Field que fica na rua Beaconsfield, próxima de onde morava John Lennon com a sua tia Mimi (1903-1991), a famosa rua Menlove Avenue, que ainda daria nome ao famoso disco homônimo de 1986 de Lennon. 
 
Penny Lane” é considerada a “resposta” de Paul à "Strawberry Fields Forever". A letra descreve pontos da famosa rua homônima de Liverpool, com os seus aproximados 800 metros, com os seus personagens típicos, desde um bombeiro, um barbeiro e uma bonita enfermeira com uma bandeja em mãos. Com um arranjo e com uma melodia extraordinária, ela conta com melodioso solo de trompete alto, que gera uma boa harmonia com a flauta, com cello, juntamente com o piano tocado por Paul. A estrutura de composição e harmônica, além dos arranjos, são muito parecidos em ambas as composições. 

Em “Strawberry Fields Forever”, Lennon compõe uma ode a um lugar especial de sua infância, relembra o topoi por onde brincava com amigos na sua infância; um espaço tenro e ligado às boas lembranças e sentimentos cândidos. Em “Panny Lane”, Paul descreve a rua que percorria quase todos os dias rumo ao Liverpool Intitute, sua escola durante o período da sua infância e pré-adolescência. O topoi de John é idílico, onírico, um ponto de devaneio remetente a um tempo pretérito; o de Paul é nostálgico, descritivo; a rua está “nos seus ouvidos e nos seus olhos”. 

Canções sobre cidades são recorrentes e os pontos retratados nas letras se tornam, caso não o eram, pontos turísticos. São Paulo tem o cruzamento das Ruas Ipiranga com a São João; Jaçanã e Rua Augusta. Buenos Aires é cantada por Fito Páez (1963-). Nos Estados Unidos, Chicago é retratada pelos bluesman que subiram o rio Mississipi, como há ainda a Big Apple, Nova Iorque. “Penny Lane” e “Strawberry Fields Forever” são odes máximas compostas pelos dois principais compositores da Segunda metade o século XX e executada pela principal banda da Música Serial Pop de todos os tempos: The Beatles. John Lennon e Paul McCartney relembram lugares de uma Liverpool passada, mas como diz o filósofo francês Gaston Bachelard: “a memória é falha”, devaneando, a imaginação a completa.

O Videoclipe Dentro do Audiovisual

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Os gêneros, dentro de uma dada linguagem, podem ser considerados como particularidades que os identificam e os singularizam em relação a outros gêneros. Se pegarmos a área do audiovisual, o videoclipe seria um gênero que se desprende do Cinema e se configura com características próprias a partir de dois elementos sintáticos bases: a performance e a narratividade. Há três principais estágios do desenvolvimento do videoclipe: o primeiro, a sua gênese na década de 1960 com os Beatles; o segundo, na década de 1980 com o surgimento da MTV; e o terceiro, a partir do ano de 2005 com o surgimento do site youtube. 

No seu início, o videoclipe se desprende dos musicais hollywoodianos, que serviram como modelo para bandas e cantores de rock para venderem não só a música, mas também a imagem do artista. Um dos pioneiros neste segmento foi Elvis Presley (1935-1977), que atuou em mais de vinte produções. A função da música era apenas a de suspender a ação e fazer um comentário sobre a narrativa. Assim, quando a ação era suspensa começa a performance do artista. Os musicais se mostraram de estrema valia para a então nascente indústria musical, por ser um meio de fácil assimilação junto ao público e também por ser um excelente canal de divulgação.  

Na década de 1960, há uma quebra importante com a estrutura e um novo recurso, que surgiria dentro de um musical, mas que será um dos elementos que caracterizarão o videoclipe. No filme “A Hard Day's Night” (Inglaterra, 1964), do diretor Richard Lester, os Beatles dão o primeiro passo para aquilo que será conhecido depois como vídeos promocionais de divulgação. Na cena da música “I should have known better”, os Beatles, após correrem pelo trem, acabam se trancando dentro de um compartimento de cargas, enquanto há fãs que os observam, começam a cantar a música. O elemento inovador consiste no fato da cena não haver nenhum instrumento musical, que aparecem de repente (guitarra, baixo, bateria e gaita) e depois somem, o que quebra com o naturalismo da narrativa, juntamente com a passagem da música extradiegética para diegética, ou seja, a passagem do som que está fora do universo da ação para um dentro do universo da ação. 

Os Beatles seriam responsáveis ainda por dar o objetivo que caracteriza o videoclipe: o promocional. Não podendo comparecer ao diversos compromissos e não querendo mais fazer shows ao vivo, resolveram gravar vídeos, na época chamados de “vídeos-promocionais”, e os enviaram às emissoras de televisão. Os primeiros vídeos gravados foram “Paperback Writer” e “Rain”, em 1966, que foram exibidos no programa do apresentador estadunidense Ed Sullivan, no canal CBS. A banda ainda produziu diversos outros vídeos, merecendo especial destaque “Strawberry Fields Forever” e “Panny Lane”. 

Na década de 1980, surge o segundo e mais importante estágio da história do videoclipe, inaugurado pela criação do canal MTV (Music TeleVision), em 1981. Durante mais de 20 anos, a emissora foi a referência e a controladora do gênero, assimilando a sua imagem ao videoclipe. Os videoclipes eram elementos fundamentais para a promoção mercadológica de determinadas bandas, que deveriam produzir vídeos de divulgação que eram exibidos na grade da emissora. Neste segmento, tem-se o auge dos artistas pop da década de 1980 e 1990, que assimilaram a importância do videoclipe para a vendagem de discos, como Michael Jackson, Madonna, Dire Straits, e até mesmo a banda Nirvana, com o seu “Smells Like Teen Spirit”. 

O terceiro estágio surge a partir dos anos 2.000 com a popularização das câmeras filmadoras e barateamento da produção audiovisual, o que propiciou e popularizou o formato do videoclipe, pois qualquer artista ou banda poderia produzir os seus vídeos promocionais e colocá-los no youtube, o que criou uma cena independente de produção e distribuição. No entanto, até mesmo os “grandes” artistas pop assimilaram a importância do canal, de modo que passaram a criar contas para colocarem os seus vídeos na internet. Todavia, o maior resultado de promoção dos vídeos e, consequentemente, dos cantores e bandas pop veio da parodia dos videoclipes, que criavam uma gama enorme de reproduções das coreografias e das performances, das mais bizarras e grotescas possíveis. 

O videoclipe, enquanto gênero audiovisual autônomo, surge apenas na década de 80 do século passado. Em sua gênese, ele se desprende dos filmes musicais hollywoodianos, a partir dos vídeos promocionais dos Beatles, na década de 1960, e desenvolve características próprias, como narratividade e performance, de forma sintética. Estes dois elementos apresentam-se como estruturas recorrentes na maioria das obras do gênero: há a performance, com os músicos da banda simulando executarem a canção e há, na maioria dos casos, uma micronarrativa, desta maneira a organização sintática origina-se na alternância destes dois elementos. No entanto, o youtube e a popularização das câmeras de filmagem ampliaram o gênero e tornaram mais fácil a produção e a divulgação. A questão da parodia dos videoclipes é um artigo a parte.

John Lennon: Nowhere Man

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O dia 05 de outubro de 2012 foi muito significativo para os fãs dos Beatles, comemoraram-se os 50 anos do lançamento do primeiro single da banda, contendo “Love me do” no lado A e “P.S. I love you” no lado B. No último dia 09 de outubro, comemora-se a data de nascimento de John Winston Lennon (1940-1980), uma das personalidades mais importantes do século XX. Ao lado de Paul McCartney, Lennon é um dos responsáveis por delinear as principais características da música serial pop dos últimos 50 anos, estendendo a sua influência artística em diversos campos e Artes. 

Uma das características marcantes dos grandes Artistas é a capacidade que possuem para alimentar, diretamente e indiretamente, outras obras feitas por terceiros em diversas linguagens e expressões artísticas. No caso dos Beatles, as obras cinematográficas baseadas na biografia do Fab Four são quantitativamente enormes. Dentre Paul McCartney (1942-), George Harrison (1943-2001), Ringo Starr (1940-) e John Lennon, o ultimo é, sem dúvida, o que mais possui cine-biografias de todas as qualidades: algumas boas, outras medianas e muitas ruins. A última foi a produção britânica “Nowhere boy” (UK, 2009), que no Brasil recebeu o título de “O garoto de Liverpool”, dirigida por Sam Taylor-Wood

Alguns filmes sobre Lennon são muito ruins, como é o caso do “John e Yoko: uma história de amor” (EUA, 1985), dirigido por Sandor Stern, que narra, de forma grotesca e tecnicamente fraca, a relação de John com Yoko, desde o primeiro encontro, em 1967, na galeria Indica na rua Mason's Yard em Londres; até a morte de Lennon no dia 08 de dezembro de 1980. Outro filme, que se assemelha ao primeiro, é “John Lennon: o mito” (EUA, 2000), dirigido por David Carson, que assim como bom o “Backbeat: os cincos rapazes de Liverpool” (EUA, 1993), narra a formação da banda, focando no período que tocaram em Hamburgo, na Alemanha Ocidental, até o início da beatlemania. “Nowhere boy” (O garoto de Liverpool, UK, 2009), alterando a ordem do texto e já fazendo um juízo de valor, é mediano. 

Nowhere boy” começa com um acorde musical que remete ao início da música “A Hard Day’s Night”. Lennon está correndo para chegar à escola, os planos são similares aos do filme homônimo de 1964, dirigido por Richard Lester; o enquadramento, os cortes, além da ação, dialogam com a produção. Toda a narrativa do filme centra-se no período de formação musical de Lennon: seu primeiro contato com o rock ‘n’ roll através da Rádio Luxemburgo; o violão dado por sua mãe Julia; o primeiro encontro com Paul McCartney às 15h00 do dia 06 de julho de 1957, na apresentação do Quarrymem no pátio da igreja St. Peter, até a morte de Julia no dia 15 de julho de 1958 e a primeira gravação, no mesmo ano, em acetato de John, Paul e George da música "In Spite Of All The Danger", que, aliás, encerra o filme. 

Nowhere boy” é claramente baseado nas informações biográficas contidas nos livros “Crescendo com o meu irmão John Lennon”, escrito pela sua meia-irmã Julia Baird; e pela biografia escrita por Philip NormanJohn Lennon: a vida”. O título brasileiro (“O garoto de Liverpool”) foi uma escolha infeliz, o que ocorre na maioria das vezes, pois o título em inglês remete à composição “Nowhere man” (homem de lugar nenhum) lançada no álbum Rubber Soul, de 1965. “Homem de lugar nenhum” é a marca do grande Artista, que consegue alcançar a imortalidade através da atemporalidade de sua obra, e não a um lugar específico, no caso Liverpool. 

Formalmente e tecnicamente “Nowhere boy” é limitado. Ele é concebido com um estilo simples, em formato de filmes televisivos e cheios de clichês, desde a interpretação do atores, que beiram a construções de tipos pictóricos e, portanto, criando personagens planos. Único ponto interessante, o que é extremamente reconte em filmes sobre os Beatles, é a grande quantidade de referências implícitas e explícitas à vida e à obra do FAB Four, o que gera uma obra bastante intertextual, restringindo a compreensão àqueles que compartilham das fontes de diálogo da narrativa, ou seja, os beatlemaníacos. 

Há lugares que lembram por onde Lennon andou, pessoas que conheceu-, algumas se foram, outras permanecem ligados à vida do “Nowhere man”, que é bastante documentada, cantada e estudada. Mas, em “Nowhere boy”, no fim, há a música, a gênese, o início da formação de um gênio: John Winston Lennon. Um filme para conhecer como se construiu a personalidade e a formação musical de Lennon, além dos seus dramas particulares em relação a sua mãe Julia, que ainda seria cantada nas canções “Julia” e “Mother”. 

Para ver: Não Estou Lá (Direção: Todd Haynes, EUA, 2007) 
Para ler: A música do cinema: os 100 primeiros anos vol. 1 (João Maximo, Editora Rocco, 2009)

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Comemorações de 13 de julho

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Toda expressão e linguagem artítica possui uma forma e um conteúdo. Quando, nos dias 13 de julho comemoramos o Dia Internacional do Rock, estamos salutando o gênero musical mais expressivo da Música Serial Pop da segunda metade do século passado. Mas enquanto gênero, ele possui uma multiplicidade de formas e conteúdos, que se subdividem em outros sub-gêneros-, desde o Progressivo, Punk, Ska, Indie, Tecnopop, Pop, New wave.

No início, o Rock era Rock 'n' roll, uma síntese de duas linhas evolutivas da música popular estadunidense: a Rhythm and Blues com Country and Western, podemos dizer que ele possuia 80% do primeiro e 20% do segundo (no seu primo próximo, o Rockabilly, essa proporção é de 50% por 50%). Tinha, no máximo, doze compassos, com três ou quatro rifs da escala pentatônica, a apartir de uma forma simples que não passava de três minutos.

O parricídio ocorre em 1965, quando o Rock nasce enquanto gênero e se desgarrar das formas simples e limitantes do Rock'n'roll. No dia 24 de julho, Bob Dylan liberta o gênero de suas amarras formais, a forma é expandida-, o Bardo lança a peça LIKE A ROLLING STONES. No dia 06 de agosto, os Beatles lançam o álbum HELP-, o conteúdo se torna mais complexo e amplo. A música não possui mais temática unicamente adolescente (Teenager), ela agora diáloga com outros gêneros, como a música Modal Hindu, a Erudita, etc.

A canção não estaria mais presa a uma forma fixa, pequena e limitada-, seus limites formais foram ampliados. LIKE A ROLLING STONE inicia um processo cíclico de desenvolvimento formal da música pop serial, com o desenvolvimento da forma musical, foi-se do Progressivo-, com músicas que ocupam dois lados inteiros do Álbum como, por exemplo, Thick as a Brick (1972) da banda inglesa Jethro Tull -, para a volta de formas simples com o Punk, através de músicas como Blitzkrieg Bop e I wanna be sedated (1975), dos Ramones.

Com a disco HELP, os Beatles iniciam uma segunda fase em sua carreira e modifica a musica pop serial. Com a música YESTERDAY, a configuração básica e recorrente de banda de rock'n'roll é modificada-, a canção, composta por Paul MacCartney, é executada, não por uma guitarra, um baixo e uma bateria-, mas sim por um quarteto de cordas composto por dois violinos, uma viola e um violoncelo-, sendo esta uma formação padrão típica da MÚSICA DE CÂMARA ERUDITA.

Se hoje temos o que comemorar, saudemos os que primeiro trouxeram as boas novas: BOB DYLAN e THE BEATLES. Quem tiver ouvidos, ouçam-, mas no compasso máximo, na forma cíclica-, na ontogênese e na partenogênese do desenvolvimento da Música Serial Pop. As proles são muitas, há bastardos-, filhos pródigos. Harmonias complexas, simples-, escalas pentatônicas, diatônicas-, simultaneidades: modal, tonal-, serial.

Bob Dylan - Like a rolling stone



The Beatles - Yesterday