Grito Rock Araraquara 2010

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O GRITO ROCK é o maior Festival integrado do país e um grande expoente do formato na América do Sul, no qual bandas fazem divulgação de seus trabalhos de forma Alteranativa e Intengrada com um Movimento de Ação Cultural Independente, através de Coletivos Autônomos. A edição do Festival ocorrerá também em Araraquara no dia 14 (domingo) de fevereiro no Espaço KRUPPA. O GRITO ROCK contará também com outras Manifestações Artísticas tais como Teatro, Poesia, Artes Plásticas, Troca Solidária, Flash Mob. A organização do Festival fica por conta do Coletivo COLMÉIA CULTURAL, e ocorrerá na Kruppa a partir das 16h30, na Av. Feijó, 804 - Centro Araraquara/SP. As entradas custam de R$03, 00 (mais 1Kg de Alimento) ou R$05,00.

RELAÇÃO DE BANDAS QUE SE APRESENTARÃO EM ARARAQUARA:
NEVILTON (Umuarama/PR)
Banda da Agência Fora do Eixo de volta ao Brasil após alguns meses de muito rock em Los Angeles (USA), os paranaenses Nevilton de Alencar e Tiago ‘Lobão’ Inforzato estão apresentando as composições de Nevilton, e contando com a força do grande baterista ‘Chapolla’, o trio está mais responsa que nunca. As influências são muitas, entre elas estão os Beatles, Pixies, Cake, Los Hermanos, Hellacopters, Pavement, conhaques baratos e outras boas coisas. Eleitos pela Scream & Yell o segundo melhor show nacional, a banda lança no próximo dia 10 o EP “Pressuposto” com cinco músicas e vai ao ar pelo Compacto.Rec, projeto do Circuito Fora do Eixo que visa ampliar a circulação e divulgação dos produtos de bandas independentes do país.

THE ALMIGHTY DEVILDOGS (Bauru/SP)“Uma mistura do punk ’77, surf music clássica e pitadas de cinema de horror”. É assim que Vinicius, guitarrista da The Almighty Devildogs, gosta de definir o som da banda, e estas influências são inegáveis quando se ouve o som da banda. Eles acabam de soltar um single para download gratuito, parceria dos sites Pisces Records e Reverb Brasil. O single tras 3 músicas do CD que será lançado em 2010 e duas demos da banda.

DOM AMARO (Ribeirão Preto/SP)Com o lançamento do primeiro CD, o Dom Amaro tornou-se uma das grandes promessas do rock na região. Cantado em português, apresenta canções bem estruturadas com estilo próprio e delicadeza. Sem medo de afirmar suas raízes, mistura três modernas guitarras à irreverência do samba em canções como "Brazilian People Very Good" e "Marcha Para um Coração".

AEROMOÇAS E TENISTAS RUSSAS (São Carlos/SP)
Destaque no último Festival Macondo Circus (RS), o quarteto constrói, em cima de uma base rock 'n roll, várias frases instrumentais, com temas lounge, psicodélicos, além de um metal nobre: o Sax.

RUÍDO FINO (Araraquara/SP)
A banda da cidade de Araraquara vem com sua mistura de funk, rock, MPB e samba. A banda tem no seu histórico diversos shows na cidade e região e a classificação de uma de suas músicas para o Festival InterUnesp de Música de Ilha Solteira.



MAIORES INFORMAÇÕES:
Feira de troca: traga seus cacarecos e participe do escambo. Vale tudo: artesanato, brinquedos eletrônicos, Cds, LPs, Livros, roupas, etc.
ESPAÇO KRUPPA
Av. Feijó, 804 - Centro - Araraquara/SP
Fone: (16) 3397 8496
E-mail: infokruppa@yahoo.com.br
http://kruppa.multiply.com/

COLETIVO COLMÉIA CULTURAL
E-mail: colmeiacultural@gmail.com
http://colmeiacultural.blogspot.com/
O que é o Grito Rock?

O Grito Rock é um projeto que faz parte do calendário de ações do Circuito Fora do Eixo, rede de trabalhos que reúne dezenas de coletivos de cultura em todo o país. Fomento e profissionalização da cena independente da música foram as forças motrizes que fizeram nascer em Cuiabá a primeira edição do Grito Rock, em 2003, quando o Espaço Cubo escolheu o período de carnaval para a realização de um festival de baixo orçamento e com possibilidade de auto-gestão. Sete anos depois e muita estrada percorrida, a maior rede colaborativa de trabalho no mercado independente do Brasil apresenta o maior festival integrado da América Latina, o Grito Rock, promovido em 70 cidades de 22 de janeiro a 27 de fevereiro.

http://gritorock.com.br

Cartazes de shows, que deveria ter ido...

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por Breno Rodrigues de Paula
A banda estadunidense THE VELVET UNDERGROUND é, ao lado dos Beatles e de Bob Dylan, uma das principais influências da Música Serial Pop da segunda metade do século XX. A banda foi formada em 1965 por Lou Reed (vocal e guitarra), John Cale (guitarra e piano), Sterling Morrison (contra-baixo e guitarra) e Maureen Tucker (bateria), e logo foi "apadrinhada" pelo Artista-vanguardista Andy Warhol, que incorporou a atriz alemã Nico (Christa Päffgen) aos vocais da banda em 1966.
Neste show em 1966, na cidade de Chicago, marca o início das apresentações com Nico, já incorporada a banda. A atriz havia participado do filme La Dolce Vita (Itália, 1960) do cineasta italiano Federico Fellini, e figurava como uma artista de destaque no meio underground novaiorquino. No repertório foram executas músicas que estariam no famoso álbum "THE VELVET UNDERGROUND AND NICO", tais como "HEROIN", uma composição junk de Lou Reed; "FEMME FATALLE", com um vocal sedutor de Nico; a vanguardista "VENUS IN FURS"; como também "ALL TOMORROW'S PARTIES"; "RUN RUN RUN ".
Nico seria expulsa da banda em 1968, logo após Lou Reed ter demitido Warhol. Ela gravaria apenas um álbum THE VELVET UNDERGROUND AND NICO. Em seguida, o VU lançaria ainda mais quatro albuns WHITE LIGHT/WHITE HEAT (1968); THE VELVET UNDERGROUND (1969); LOADED (1970) e SQUEEZE (1973). O VU é uma referência e uma influência direta para vários gêneros que surgiram nos anos seguintes, como o Punk, o New Wave, o Gótico, o Indie, o Underground, dentre outros. Uma banda que contribuiu para o estatus de arte do rock.

20 Anos de "Os Simpsons"

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Lembro-me de ter visto um episódio dos Simpsons pela primeira vez em 1994, quando era exibido pela Rede Globo aos domingos. Provavelmente, se não me falha a memória e com a ajuda do box da quarta temporada-, era o episódio quatro “Lisa, a rainha da beleza”, no qual ela é eleita a “Miss Springfield”. A filha mais velha da família Simpsons havia ficado em segundo lugar no concurso, mas a vencedora morrera. É obrigada, ao assumir o seu posto de Miss, a participar de diversos comerciais de televisão contraditórios, como o de promoção de marcas de cigarros e de bebidas. Muito antes da crítica na linha do filme “Pequena Miss Sunshine” (EUA, 2006) ao universo de concursos de beleza mirins, este episódio faz uma crítica contundente a precoce transformação de crianças em adultos.

Ao longo das vinte temporadas, alguns episódios foram polêmicos-, trataram temas políticos e sociais de forma irreverente, o que causou a ira de diversos governantes-, dentre eles o do então presidente dos Estados Unidos George Bush (Pai), que “conclamou aos americanos um boicote a série”, por ser, segundo ele, “um insulto ao cidadão americano”-, se bem que a relação entre a família Simpsons e o “americano médio” é verossímil.

Outra polêmica se deu no décimo episódio da 13ª Temporada (2001-2002), no qual a família Simpsons visita o Brasil. O país é retratado de forma estereotipada, com macacos correndo pelas ruas do Rio de Janeiro e a Floresta Amazônica estando após o Morro do Corcovado. O episódio foi bastante criticado pelos nacionalistas-patrióticos, pois alegavam que deturpavam a imagem do Brasil. Mas em se tratando do “estadunidense médio”, essa é a visão imagética que possuem do país: falantes de espanhol, malandros latinos da Lapa, sambistas e pessoas que pensam com os pés (jogadores de futebol).

A polêmica e a crítica aos valores estadunidenses sempre foram elementos tratados no universo dos Simpsons. O interessante que o desenho a faz de forma peculiar, não perdoando seus cidadãos-, como também não deixando de fora as sociedades e culturas que gravitam em torna dela. Com o universo de Springfield, tem-se uma crítica contundente aos valores modernos promulgados, muitas vezes por armas em guerra-, pela sociedade estadunidense. Mesmo após vinte temporadas, cada uma se mostra fiel ao seu contexto de origem e atual no seu contexto anacrônico: podemos ver os episódios da Terceira Temporada (1991 - 1992), com as referências explicitas e implícitas ao seu contexto histórico e social, mas também atualizada-, assim como o presidente pai, o presidente filho também invadiu paises.

No entanto, o episódio que mais me agradou foi da sétima temporada (1995-1996) intitulado “Lisa vegetariana” que conta com a participação de Paul e Linda MacCartney. Macca tenta apoiar Lisa na decisão de ser vegetariana. Além da participação do ex Beatles; outras bandas como Sonic Youth, Smashing Pumpkins, White Stripes, Rolling Stones, The Who, e, até mesmo, Ringo Star (o Beatles predileto de Marge), participaram de episódios memoráveis. A série Os Simpsons possui uma qualidade inegável que transcorre pelos seus vinte anos de existência: Vida longa à Odisséia de Homer.

“Strawberry Fields Forever” e “Penny Lane”: Nostálgica Liverpool.

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Vários poetas compõem versos sobre as suas cidades: Baudelaire escreve sobre a sua Paris no seu “Tableaux Parisiens”; Rimbaud nos fala sobre as “Cidades Imaginárias”, ou “Le Ville Imaginaire”; Carlos Drummond de Andrade relata as suas lembranças itabiranas, de onde o poeta mineiro “trouxe prendas diversas”. Cada poeta e artista canta a sua cidade a sua maneira, eternizando-as em poemas e canções. No vasto repertório das composições da dupla Lennon-MacCartney, as músicas Strawberry Fields Forever e Penny Lane se destacam por fazerem referências à cidade de Liverpool.

Penny Lane e Strawberry Fields Forever foram lançadas em compacto no dia 17 de fevereiro de 1967-, por incrível que pareça, este é o único compacto dos Beatles que não alçou o primeiro lugar nas paradas britânicas e estadunidense, chegando ao segundo lugar apenas. Não que isto tire o mérito das composições, pelo contrário-, ambas figuram entre as composições da dupla Lennon-MacCartney mais elogiadas pela crítica musical popular e erudita. O compacto se encontra no ponto de transição entre os dois discos mais criativos do quarteto de Liverpool: o disco REVOLVER, lançado em 05 de agosto de 1966; e o álbum SGT. PEPPER´S LONELY HEARTS CLUB BAND lançado em 01 de junho de 1967.

Strawberry Fields Forever é uma composição marcadamente com o estilo de John Lennon, com uma pequena contribuição de Paul MacCartney em alguns versos. Destaque para a introdução com piano mellotron, arranjos com três violoncelos e quatro trompetes feitos pelo produtor da banda George Martin. O tema centra-se no terreno do exército da salvação em Liverpool que se chama Strawberry Field, estando a uma rua paralela de onde morava John Lennon com a sua tia Mimi; a famosa rua Menlove Avenue, que ainda daria nome ao famoso disco homônimo de 1986 de Lennon.

Penny Lane é considerada a “resposta” de Paul à Strawberry Fields. A letra descreve pontos da famosa rua homônima de Liverpool, com os seus personagens típicos, desde um bombeiro, um barbeiro e uma bonita Enfermeira com uma bandeja em mãos. Com um arranjo e com uma melodia fantástica, ela conta com melodioso solo de trompete alto, que gera uma boa harmonia com a flauta, com cello, juntamente com o piano tocado por Paul.

A estrutura de composição e harmônica, além dos arranjos, são muito parecidos em ambas as composições. Em Strawberry Fields Forever, Lennon compõe uma ode a um lugar especial de sua infância, relembra o topoi por onde brincava com amigos na sua infância-, um espaço terno e ligado às boas lembranças e sentimentos cândidos. Em Panny Lane, Paul descreve a rua que percorria quase todos os dias rumo ao Liverpool Intitute, sua escola durante o período da sua infância e pré-adolescência. O topoi de John é idílico, onírico, um ponto de devaneio remetente a um tempo pretérito; o de Paul é nostálgico, descritivo-, a rua está “nos seus ouvidos e nos seus olhos”. Penny Lane e Strawberry Fields Forever são odes máximas compostas pelos dois principais compositores da Segunda metade o século XX e executada pela principal banda da Música Serial Pop de todos os tempos: THE BEATLES. John Lennon e Paul MacCartney relembram lugares de uma Liverpool passada, mas como diz Gaston Bachelard “a memória é falha”, devaneando-, a imaginação a completa.

Araraquara, 30 de novembro de 2009.

Strawberry Fields Forever

Strawberry Fields Forever -Campos De Morangos Para Sempre

Let me take you down -Deixe-me te levar
Cause I'm going to -Porque eu estou indo aos
Strawberry Fields -Campos de morangos
Nothing is real -Nada é real
And nothing to get hung about -Não há por que esperar
Strawberry Fields forever- Campos de morangos para sempre

Living is easy with eyes closed -Viver é fácil com os olhos fechados
Misunderstanding all you see -Sem entender o tudo que você vê
It's getting hard to be someone- Está ficando difícil ser alguém
But it all works out -Mas tudo parece funcionar bem
It doesn't matter much to me- E isso não é muito importante pra mim

Let me take you down -Deixe-me te levar
Cause I'm going to -Porque eu estou indo aos
Strawberry Fields -Campos de morangos
Nothing is real -Nada é real
And nothing to get hung about -Não há por que esperar
Strawberry Fields forever- Campos de morangos para sempre

No one I think is in my tree -Acho que não tem ninguém na minha árvore
I mean it must be high or low -Quer dizer, deve estar alto ou baixo
That is you can't you know tune in -Ou seja, você sabe que não pode entoar
But it's all right- Mas tá tudo certo
That is I think it's not too bad- Assim, penso que não é tão ruim

Let me take you down- Deixe-me te levar
Cause I'm going to- Porque eu estou indo aos
Strawberry Fields- Campos de morangos
Nothing is real- Nada é real

And nothing to get hung about -Não há por que esperar
Strawberry Fields forever- Campos de morangos para sempre

Always, no, sometimes, think it's me -Sempre, não, às vezes, acho que é me
But you know I know when it's a dream- Mas você sabe que eu sei quando é um sonho
I think, er, no I mean, er, yes -Penso que, er, não quero dizer, er, sim
But it's all so wrong- Mas é tudo tão errado
That is I think I disagree- Isso é que eu acho que eu discordo

Let me take you down- Deixe-me levá-lo para baixo
Cause I'm going to Cause I'm going to
Strawberry Fields Strawberry Fields
Nothing is real
-Nada é real
And nothing to get hung about -E nada de ficar pendurado sobre
Strawberry Fields forever -Campos de morangos para sempre
Strawberry Fields forever -Campos de morangos para sempre
Strawberry Fields forever -Campos de morangos para sempre

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Penny Lane

Penny lane there is a barber showing photographs -Em Penny Lane há um barbeiro mostrando fotos
Of every head he´s had the pleasure to have known -De cada cabeça que ele teve o prazer de conhecer
And all the people that come and go- E todas as pessoas que vão e vem
Stop and say hello -Pare e diga olá

On the corner is a banker with a motor car- Na esquina há um banqueiro com um carro
The little children laugh at him behind his back- As criancinhas riem dele por suas costas
And the banker never wears a mac -E o banqueiro nunca usa um mac
In the pouring rain -Na chuva
Very strange- Muito Estranho

Penny lane is in my ears and in my eyes- Penny Lane está meus ouvidos e nos meus olhos
There beneath the blue suburban skies -Lá em baixo do céu azul do subúrbio
I sit and meanwhile back- Eu sento e enquanto isso.

In penny lane there is a fireman with an hourglass- Em Penny lane há um bombeiro com uma ampulheta
And in his pocket is a portrait of the queen -E no seu bolso há uma foto da rainha
He likes to keep his fire engine clean- Ele gosta de manter seu motor limpo
It´s a clean machine- É uma máquina limpa

Penny lane is in my ears and in my eyes -Penny Lane está no meus ouvidos e nos meus olhos
A four of fish and finger pies- A quatro dedos de peixes e tortas
In summer, meanwhile back -No verão, entretanto, de volta

Behind the shelter in the middle of the roundabout- Atrás do abrigo no meio de uma rótula
The pretty nurse is selling poppies from a tray -A bonita enfermeira vendendo papoula em uma bandeja
And though she feels as if she´s in a play -E embora ela sinta como se estivesse em uma peça
She is anyway- Ela está mesmo

Penny lane the barber shaves another customer- Penny Lane o barbeiro faz a barba de outro cliente
We see the banker sitting waiting for a trim -Nós vemos o banqueiro sentado esperando por um corte
And then the fireman rushes in- E então o bombeiro corre
From the pouring rain- para dentro vindo da chuva
Very strange- Muito Estranho

Penny lane is in my ears and in my eyes -Penny Lane está nos meus ouvidos e nos meus olhos
There beneath the blue suburban skies- Lá debaixo do céu azul sub urbano
Penny lane is in my ears and in my eyes- Penny Lane está nos meus ouvidos e nos meus olhos
There beneath the blue suburban skies- Lá debaixo do céu azul sub urbano
Penny lane Penny lane.

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O cinema e a sua reprodutividade técnica na era da cultura de massas.

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Preponderantemente, existem duas formas de análise de uma obra de arte: a primeira puramente imanentista, preocupada estritamente com os elementos internos e estéticos da obra, e a segunda puramente de bases sociológicas preocupada com a relação dialógica e, em grande parte, dialética da obra de arte com a sociedade. A análise de base sociológica teve o advento e uma relação com o pensamento marxista através do método “materialista histórico dialético”. Um dos principais teóricos do marxismo e um dos mais importantes estudiosos da sociologia da arte foi o alemão Walter Benjamin. Em um célebre ensaio “A obra de arte da era da sua reprodutividade técnica”, texto datado de 1936, o pensador alemão lançou as bases para o estudo da cultura de massas e fez uma relevante análise sociológica do cinema.

No seu ensaio, Walter Benjamin analisa a tendência evolutiva da arte nas condições materiais do modo de produção capitalista a partir do método marxista. O método materialista histórico dialético vê a história e o desenvolvimento da sociedade como um processo dialético. As condições materiais e as relações do modo de produção, que se configuram na relação entre forças produtivas e meios de produção, se materializam na história, no modo de organização da sociedade e na arte em geral.

Walter Benjamin relaciona as características materiais do modo de produção capitalista, um modo de produção serial e em massa, com o surgimento da “era da reprodutividade técnica da obra de arte”. O pensador alemão salienta que a obra de arte sempre foi reprodutível. Contudo, a reprodução técnica representaria um processo novo que se desenvolve a partir das técnicas e organização do modo de produção capitalista. O novo processo de reprodução técnica trouxe implicações para o desenvolvimento das artes sem precedentes: como a crise da autenticidade, a perda da tradição e o advento da cultura de massas.

Na reprodutividade técnica, não existem os conceitos de falsidade e autenticidade, ou seja, eles não são aplicáveis. A esfera da autenticidade, de acordo com Benjamin, escapa à reprodutividade técnica. A autenticidade é a quintessência de tudo o que foi transmitido pela tradição, desde a sua origem, passando pela sua duração material, indo até o seu “testemunho histórico”. Falsidade e autenticidade da obra tornam-se sem sentido e sem importância, neste contexto, pois a reprodução técnica tira o “peso tradicional” da obra e, conseqüentemente, o peso da autenticidade e o conceito de falsidade.

A reprodução técnica retiraria, segundo Benjamin, o domínio da tradição da obra reproduzida. Na media em que há a reprodução, a obra perde a sua existência única e passa a ter uma existência serial. Benjamin afirma que a reprodução técnica permite a obra ir ao encontro do público. Como a obra de arte não possui mais uma existência única, cada indivíduo tem a possibilidade de consumir a sua, eis que surge a cultura de massas. Pois a obra de arte é concebida com a finalidade e a necessidade de sua reprodução técnica, sendo ela destinada às massas.

Na conjuntura da cultura de massas, o cinema surge e se torna uma arte ligada à era reprodutividade técnica. Benjamin afirma que, no caso da obra cinematográfica, é essencial a sua reprodução técnica e a sua difusão em massa se torna obrigatória. A difusão em massa se torna, em termos, obrigatória devido ao fato da produção de um filme ser muito cara, não havendo a possibilidade de um único consumidor pagá-lo e mantê-lo, desta forma, em uma existência única.

O filme é uma forma cujo caráter artístico seria, em grande parte, determinado pela sua reprodutividade. No entanto, a reprodutividade técnica modifica a relação das massas com a arte, formando um “paradigma contratual”. Na cultura de massas, há um “contrato” entre os produtores e realizadores de filmes com o público. São produzidos determinados tipos de filmes com determinadas características e funções, as quais o público está habituado a absorver. Como conseqüência, este “contrato” gera a perda de qualidade artística e a perda da necessidade de inovação e desenvolvimento da linguagem cinematográfica.

O cinema, no contexto da cultura de massas, serve apenas como objeto de entretenimento destinado às massas. Benjamin alerta sobre o fato do cinema está inserido neste contexto. Para ele, quanto mais se reduz “significação social” de uma arte, maior fica a distância, no público, entre a atitude de fruição e a atividade crítica. Benjamin salienta ainda que a partir do processo de reprodução técnica em massa, o cinema passa a se fundar em uma outra práxis: política. Ou seja, ele passa a servir como veículo de difusão de ideologias, seja diretamente ou indiretamente, como ocorreu na Itália fascista, na Alemanha nazista e em Hollywood.

O ensaio de Walter Benjamin “A obra de arte na era de sua reprodutividade técnica” constitui um dos principais e mais influentes estudos sobre o cinema. Ele relaciona o desenvolvimento dos modos de produção capitalista com o advento da era da reprodutividade técnica da obra de arte e ao desenvolvimento da arte cinematográfica. A era reprodutividade técnica trouxe algumas implicações para a obra de arte, como uma existência serial e a fundamentação em uma práxis política, de modo que a reprodução em massa corresponde de perto à reprodução das massas, sou seja, corresponde à criação da cultura de massas, na qual o cinema possuiria um papel central, mas não único.

Cine Campus: X Semana de Ciências Sociais

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X Semana de Ciências Sociais
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