e mais populares personagens do gênero. Na Nona Arte, ao longo de quase setenta anos, os melhores escritores e desenhistas fizeram excelentes revistas, ajudando a elevar as historias em quadrinhos ao patamar de Arte, como Dennis’O Neil, Neil Adams, Frank Miller, Allan Moore, Brian Bolland. No entanto, na Sétima Arte, Batman nunca teve muita sorte. Seus filmes sempre foram medíocres, desde os seriados da década de sessenta com Adam West, até aos filmes de Tim Burton e Joel Schumacher na década de noventa, passando pelos dois filmes de Christopher Nolan, o primeiro BATMAN BEGINS (2005) e, o último, BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS.
O lançamento de Batman: o Bavaleiro das Trevas esteve em volto de uma grande expectativa. No primeiro filme, Nolan havia feito um filme coeso, simples e introdutório ao rico universo do Batman. Foram mostrados as motivações, as relações e as características psicológicas do próprio Batman, como também de alguns outros personagens como O Espantalho, Rãs Al Guhl, Gordon, Harvey Dent, etc. Vê-se um Batman em formação, no seu “Ano Um”.
A expectativa era grande: o grande vilão seria o coringa, maior antagonista do Batman. O ator que o interpretou (Heath Ledger), havia morrido de overdose pouco tempo depois da conclusão das filmagens. O que ajudou a aumentar a expectativa em torno do filme. Ledger, em algumas entrevistas, dizia que, para compor o personagem, havia se inspirado no baixista do Sex Pistols Sid Vicius e em Malcolm McDowell na interpretação de Alex, no genial filme Laranja Mecânica (1973), de Stanley Kubrick. O Coringa seria, então, uma síntese entre Vicius e Alex, com o aspecto físico do primeiro e o psicológico do segundo.
No que tange à estrutura do filme, ela é simples e segue os modelos e ditames do gênero hollywoodiano de ação. Há movimentos de câmeras e cortes rápidos, há ainda três picos de ação (Plot Point) com cenas de perseguição, de luta e, é claro, de explosões. Destaque ainda para a cena inicial de assalto à banco, onde temos meio que uma “quadrilha” drummoniana de assaltantes: o Assaltante A mata o Assaltante B, que havia matado o Assaltante C, que matara o Assaltante D, que matou o Assaltante A e que foi morto pelo Coringa. Mas o filme resume-se à caça de Batman ao Coringa, com algumas outras micronarrativas, como a gênese do Duas – Caras e a busca por um mafioso chinês em Hong Kong.
Por ser um filme de ação hollywoodiano, alguns aspectos formais cinematográficos do gênero são recorrentes, principalmente no que tange à angulação e aos planos, aos cortes, aos movimentos de câmeras, além da música extradiegética. Nas cenas de ação, os cortes são rápidos, uma das principais características deste gênero, os ângulos são os mais variados possíveis. Há ainda uma excessiva movimentação de câmera. A música guia e dita o ritmo do filme, além de controlar a recepção e as sensações do espectador. Chega-se a um ponto em que o efeito de expectativa é mais fortemente originado pela música do que pelos elementos fílmicos da narrativa diegética cinematográfica.
O filme se perde ainda no plano do conteúdo. Batman é um justiceiro que age à margem das instituições da lei, mas com o apoio delas (Delegacia, Promotoria, etc). Tem-se um homem que se veste de morcego e combate ao crime numa cidade caótica. Alias, o filme trata justamente da tentativa de se passar uma ordem de caos para uma ordem harmoniosa. Mas, como diz o Coringa: “Quanto mais Batman tenta ordenar o caos, mais ele é criado”.
O caos não deve ser compreendido como sendo criado unicamente pelo Coringa. Batman e o Coringa seria aquilo que a psicologia denomina de “Duplo”. A existência de um está condicionada pela do outro. Eles possuem as mesmas motivações. Ambos são, como diria Arkhan num célebre Gibi, "loucos". Só que Batman possui uma ética de estado, oriunda de uma moral, enquanto que o Coringa é um niilista. Sua ética se constrói no ato da ação. Ele não se interessa pelo dinheiro. Quer apenas demonstrar as suas teorias sociológicas de motivações de tipos psicológicos.
Talvez, o ponto mais interessante do filme seja justamente as teorias “coringuianas”. Ele desenvolve uma teoria das máscaras, quase no sentido junguiano, e o porquê do Batman usar máscara. Se bem que, o certo seria dizer que Batman veste a máscara de Bruce Wayne. O mais interessante são suas pretenças teorias sociológicas. Ele desenvolve uma teoria para se passar da ordem ao caos: basta tirar os planos e a rotina da sociedade. Ou seja, ela não sabe improvisar, não sabe ser “jazzistica”. Ela se sustenta a partir de planos, de estruturas estáticas e pré-concebidas. Remova estas estruturas ou reorganize-as-, eis que surge o caos tão almejado pelo Coringa.
Em quase duas horas e meia de filme, pode-se ver um exemplo claro de filme hollywoodiano: explosões sem sentido, uma narrativa simples, além da passividade do espectador. Não é necessário o diálogo entre a obra e o espectador, que não precisa atribuir significados aos elementos fílmicos. Como uma obra da Sétima Arte, Batman: o Cavaleiro das Trevas é medíocre. Mas como elemento de entretenimento é aprazível, principalmente quando faz referencias implícitas ao universo das Histórias em Quadrinhos. Único ponto em que há o diálogo entre o filme e o espectador. Mas só com leitores do gênero. Batman continua mesmo sem sorte no cinema. Mas com excelentes histórias em quadrinhos. Compensa ler a revista Batman: O Cavaleiro das Trevas (1988) de Frank Miller, do que ver o filme de Nolan.
Ficha TécnicaTítulo Original: The Dark Knight O lançamento de Batman: o Bavaleiro das Trevas esteve em volto de uma grande expectativa. No primeiro filme, Nolan havia feito um filme coeso, simples e introdutório ao rico universo do Batman. Foram mostrados as motivações, as relações e as características psicológicas do próprio Batman, como também de alguns outros personagens como O Espantalho, Rãs Al Guhl, Gordon, Harvey Dent, etc. Vê-se um Batman em formação, no seu “Ano Um”.
A expectativa era grande: o grande vilão seria o coringa, maior antagonista do Batman. O ator que o interpretou (Heath Ledger), havia morrido de overdose pouco tempo depois da conclusão das filmagens. O que ajudou a aumentar a expectativa em torno do filme. Ledger, em algumas entrevistas, dizia que, para compor o personagem, havia se inspirado no baixista do Sex Pistols Sid Vicius e em Malcolm McDowell na interpretação de Alex, no genial filme Laranja Mecânica (1973), de Stanley Kubrick. O Coringa seria, então, uma síntese entre Vicius e Alex, com o aspecto físico do primeiro e o psicológico do segundo.
No que tange à estrutura do filme, ela é simples e segue os modelos e ditames do gênero hollywoodiano de ação. Há movimentos de câmeras e cortes rápidos, há ainda três picos de ação (Plot Point) com cenas de perseguição, de luta e, é claro, de explosões. Destaque ainda para a cena inicial de assalto à banco, onde temos meio que uma “quadrilha” drummoniana de assaltantes: o Assaltante A mata o Assaltante B, que havia matado o Assaltante C, que matara o Assaltante D, que matou o Assaltante A e que foi morto pelo Coringa. Mas o filme resume-se à caça de Batman ao Coringa, com algumas outras micronarrativas, como a gênese do Duas – Caras e a busca por um mafioso chinês em Hong Kong.
Por ser um filme de ação hollywoodiano, alguns aspectos formais cinematográficos do gênero são recorrentes, principalmente no que tange à angulação e aos planos, aos cortes, aos movimentos de câmeras, além da música extradiegética. Nas cenas de ação, os cortes são rápidos, uma das principais características deste gênero, os ângulos são os mais variados possíveis. Há ainda uma excessiva movimentação de câmera. A música guia e dita o ritmo do filme, além de controlar a recepção e as sensações do espectador. Chega-se a um ponto em que o efeito de expectativa é mais fortemente originado pela música do que pelos elementos fílmicos da narrativa diegética cinematográfica.
O filme se perde ainda no plano do conteúdo. Batman é um justiceiro que age à margem das instituições da lei, mas com o apoio delas (Delegacia, Promotoria, etc). Tem-se um homem que se veste de morcego e combate ao crime numa cidade caótica. Alias, o filme trata justamente da tentativa de se passar uma ordem de caos para uma ordem harmoniosa. Mas, como diz o Coringa: “Quanto mais Batman tenta ordenar o caos, mais ele é criado”.
O caos não deve ser compreendido como sendo criado unicamente pelo Coringa. Batman e o Coringa seria aquilo que a psicologia denomina de “Duplo”. A existência de um está condicionada pela do outro. Eles possuem as mesmas motivações. Ambos são, como diria Arkhan num célebre Gibi, "loucos". Só que Batman possui uma ética de estado, oriunda de uma moral, enquanto que o Coringa é um niilista. Sua ética se constrói no ato da ação. Ele não se interessa pelo dinheiro. Quer apenas demonstrar as suas teorias sociológicas de motivações de tipos psicológicos.
Talvez, o ponto mais interessante do filme seja justamente as teorias “coringuianas”. Ele desenvolve uma teoria das máscaras, quase no sentido junguiano, e o porquê do Batman usar máscara. Se bem que, o certo seria dizer que Batman veste a máscara de Bruce Wayne. O mais interessante são suas pretenças teorias sociológicas. Ele desenvolve uma teoria para se passar da ordem ao caos: basta tirar os planos e a rotina da sociedade. Ou seja, ela não sabe improvisar, não sabe ser “jazzistica”. Ela se sustenta a partir de planos, de estruturas estáticas e pré-concebidas. Remova estas estruturas ou reorganize-as-, eis que surge o caos tão almejado pelo Coringa.
Em quase duas horas e meia de filme, pode-se ver um exemplo claro de filme hollywoodiano: explosões sem sentido, uma narrativa simples, além da passividade do espectador. Não é necessário o diálogo entre a obra e o espectador, que não precisa atribuir significados aos elementos fílmicos. Como uma obra da Sétima Arte, Batman: o Cavaleiro das Trevas é medíocre. Mas como elemento de entretenimento é aprazível, principalmente quando faz referencias implícitas ao universo das Histórias em Quadrinhos. Único ponto em que há o diálogo entre o filme e o espectador. Mas só com leitores do gênero. Batman continua mesmo sem sorte no cinema. Mas com excelentes histórias em quadrinhos. Compensa ler a revista Batman: O Cavaleiro das Trevas (1988) de Frank Miller, do que ver o filme de Nolan.
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Jonathan Nolan e Christopher Nolan, baseado em estória de Christopher Nolan e David S. Goyer e nos personagens criados por Bob Kane
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 142 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2008
Site Oficial: http://thedarkknight.warnerbros.com
Hot Site: www.adorocinema.com.br/hotsites/batman
Estúdio: Warner Bros. Pictures / Legendary Pictures / DC Comics / Syncopy
Distribuição: Warner Bros.
Produção: Christopher Nolan, Charles Roven e Emma Thomas
Música: James Newton Howard e Hans Zimmer
Fotografia: Wally Pfister
Desenho de Produção: Nathan Crowley
Direção de Arte: Mark Bartholomew, James Hambidge, Kevin Kavanaugh, Simon Lamont, Naaman Marshall e Steven Lawrence
Figurino: Lindy Hemming
Edição: Lee Smith
Efeitos Especiais: Double Negative / BUF / Gentle Giant Studos / New Deal Studios
Elenco
Christian Bale (Bruce Wayne / Batman)
Michael Caine (Alfred Pennyworth)Heath Ledger (Coringa)Gary Oldman (Tenente James Gordon)Aaron Eckhart (Harvey Dent / Duas-Caras)
Maggie Gyllenhall (Rachel Dawes)
Morgan Freeman (Lucius Fox)
Eric Roberts (Salvarote Maroni)
Cillian Murphy (Dr. Jonathan Crane / Espantalho)
Anthony Michael Hall (Mike Engel)
Monique Curnen (Detetive Ramirez)Nestor Carbonell (Prefeito)
Joshua Harto (Reese)
Colin McFarlane (Comissário Gillian B. Loeb)Melinda McCraw (Barbara Gordon)Nathan Gamble (James Gordon Jr.)Michael Jai White (Jogador)
1 comentários:
hum.. comecemos do príncipio...rs
Uma coisa a ser dita de início: o destino de cada mídia tem linguagens diferentes justamente pela sua peculiaridade. O que no caso, torna óbvia a separação entre o quadrinho e o longa.
Um filme comercial se destina a pessoas que n necessariamente, o público da HQ. Ele é mais abrangente, e por essa razão, requer outros meios de expressividade. Não tem compromisso num enredo que pressuponha dados sobre a personagem. Neste ponto, para que nunca sequer tenha ouvido falar de Batman, consegue facilmente compreender suas características e a dos antagonistas nesse episódio. E é isso que vemos. Um corte temporal de uma longa história. Corte esse com início, meio e fim e amarrações entre as narrativas menores coesas e acertadas.
Quanto a movimentação do filme, ela é suspensa, i.e., inicia num ponto zero, rapidamente atinge pontos altíssimos e pedura entre pontos altos e menos altos, sem descer a um nível médio, sustendo o público sempre a espera de um novo acontecimento.
Quanto as personagens, devo dizer que Batman deixou muito a desejar (mas isso tem origem na narrativa) e que o Coringa "rouba a cena" literalmente. Uma atuação muito boa, que traz elementos de loucura e de sobriedade que se mesclam, e produzem uma filosofia social semelhante ao "yin yang", na qual existe Batman e Coringa, bem e mal, para contrapor e trazer o equilíbrio... Ambos são a mesma essência o bem e a ausência de bem, inseparáveis, pois a ausência de um, implica na inexistência do outro.
As explosões, demais efeitos e excessos, são parte da mimesis do quadro e da catarse do público. Os "soc", "pow" onomatopeicos transformados pela linguagem cinematográfica, e a violência que liberta e sacia o público sedento por matar, não só pela morte do mal, mas pela visão da dor, pela sordidez presa dentro de cada animal homem, sádico desde os primórdios.
Não posso dizer que culturalmente Batman é um filme que agregue, mas nem toda cinematografia é feita para isso. Dentro da proposta dessa produção artística, acredito que seja um belo exemplar de "filme de ação" e pra quem gosta de vilões, esse é um prato cheio.
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