O que restou de nossos amores. Crônicas de um filme incabado.

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Em setembro de 2008, filmei um curta-metragem intitulado "O QUE RESTOU DE NOSSOS AMORES". Uma história simples: um casal se conhece no banco, em frente ao RU, da FCL e passam a namorar. Com o tempo, eles brigam e passam a escrever frases raivosas um para o outro nos corredores da faculdade. A última frase pixada pelo cara era "Estou farto das mulheres que amam, as que odeiam são muito mais interressantes", ao ler esta frase, ela decide começar a odiá-lo: seu primeiro ato de ódio é pintar o banco onde se encontravam todos os dias. Com tintas, ela começa a pintar, cheia de cólera-, mas estamos num contexto de greve estudantil de 2007. Ao ver uma passeata de alunos se aproximando, ela foge, deixando todas as tintas para trás. Os manifestantes aproveitam-se dos materiais deixados e pintam todos os outros bancos como forma de protesto. Resumindo, uma ficção histórica, que se apropriou de um fato inicial; que foi um dos elementos desencadiadores do processo de mobilização estudantil em Araraquara.

Bem esta é a história, ela foi filmada em três dias-, com peripécias e maluquices, desde o cameramem sumido, a pedidos de autorização negados para pintarmos os bancos-, mas no fim deu para filmar tudo. Mas o editor perdeu o último dia de filmagens e, para piorar, ele não tiham feito backup. Por isso o filme vai ficar sempre incabado. Já que o diretor quebrou uma das regras principais de um set de filmagens: nunca se separe da atriz antes do filme ser lançado. Sobrou as fotos, uma letra de música, que seria tema e o making off. No final pintamos mesmo todos os bancos, meio que num happening-, mas tivemos que limpá-los depois. Nem penso em trabalhar mais nele, pois ele será sempre o meu primeiro, em todas as acepções do termo, filme inacabado-, deixemo-los lá...


O que restou de nossos amores.

O que restou de nossos amores?
Lembranças amargas da saudade.
Loucuras ultrapassadas da realidade.

O que restou de nossos amores.
Viagens de um tempo imaginado,
Com glórias de nossos tempos passado.

O que restou de nossos amores!
As vozes abafadas ao acaso,
Escala, acordes desafinados.

O que restou de nossos amores?
Porta-retratos vazios,
Lembranças cheias de amores...

O que restou de nossos amores?
Eu, o espelho e os meus temores.

O que restou de nossos amores...

(composição de Breno Rodrigues e Fabiana Virgílio)

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