Treze, com apenas treze filmes o diretor estadunidense Stanley Kubrick (1928-1999) conseguiu se destacar na história do Cinema como um dos maiores cineastas de todos os tempos, ao lado de nomes como: Sergei Eisenstein (1898-1948), Fritz Lang (1890-1976), Federico Fellini (1920-1993), Ingmar Bergman (1918-2007), Jean-Luc Godard (1930-) e Wim Wenders (1945-). Kubrick será o grande homenageado na 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo deste ano, terá também uma exposição no MIS (Museu da Imagem e do Som ) de São Paulo.
Stanley Kubrick é um diretor de cinema único, singular; fez apenas treze filmes ao longo de quarenta e seis anos de carreira, de 1953, data do lançamento da sua primeira produção “Medo e Desejo” até o seu último filme “De Olhos Bem Fechados”, lançado no ano de sua morte, 1999. O interessante que cada filme é único dentro da filmografia do diretor, pois ele foi um dos poucos diretores da história do cinema a conseguir realizar obras a partir de diversos gêneros cinematográficos, passando pelo thriller, ficção científica, drama, guerra, drama histórico, comédia, terror, sendo, ainda, um grande “tradutor” de obras literárias para o cinema.
Na década de 1950, Kubrick faz a sua estréia na direção com “Medo e Desejo” (Fear and Desire), em 1953. O filme narra a história de soldados que tentam sobreviver atrás das linhas inimigas. O diretor sempre renegou e chegou a recolheu a cópia do filme, ficando fora de catálogo por muito tempo. Em 1955, Kubrick lança “A Morte Passou por Perto” (Killer's Kiss), sendo responsável ainda pela produção, montagem e fotografia. O filme é um thriller com uma trama centrada na relação do boxeador Davey Gordon com a dançarina Glória, que é namorada de um criminoso. A trama se desenvolve a partir do conflito amoroso e de poder.
No seu terceiro filme, lançado em 1956, Kubrick começa a desenvolver o seu estilo e a apresentar sua genialidade. “O Grande Golpe” (The Killing) pode ser caracterizado como um filme noir, narrando a tentativa de um grupo de bandidos de roubar um hipódromo. O destaque do filme é roteiro com o uso de uma cronologia não linear e o fato da história ser mostrada a partir de vários pontos de vistas, forma que inspirou inclusive Quentin Tarantino (1963-) na produção “Pulp Fiction: tempos de violência” (Pulp Fiction, EUA, 1994). O quarto, e último filme da década de 1950, é “Glória Feita de Sangue” (Paths of Glory, 1957). Novamente, o diretor trabalha o drama em um contexto de guerra, neste caso da 1ª Guerra Mundial (1914-1918), sendo lembrando por ser uma obra pacifista e pela atuação de Kirk Douglas (1916-).
Na década de 1960, Kubrick tem o seu ápice criativo e a consolidação do seu prestígio. Com “Spartacus” (1960) o diretor abre a sequência de cinco filmes, que serão o ápice de sua criatividade. Nele há a famosa cena da revolta dos escravos e a fala em coro: “Eu sou Espártaco” (I’m Spartacus). Em 1962, Kubrick adapta “Lolita”, o romance homônimo do escritor Vladimir Nabokov (1899-1977), que é o responsável pelo roteiro. Há a participação do ator Peter Sellers (1925-1980), que será o grande destaque do filme “Dr. Fantástico” (Dr. Strangeloveor: How I Learnedto Stop Worryingand Love theBomb, 1964), sendo uma paródia da tensa relação entre Estados Unidos e União Soviética no contexto da Guerra Fria e da iminente guerra nuclear no período. O último filme da década influenciou não apenas David Bowie, mas também os adeptos da teoria da conspiração, pois “2001: Odisséia no Espaço” (2001: A Space Odyssey, 1968) é um filme de ficção científica que trata do tema da exploração espacial.
A década de 1970 possui um filme, a grande obra prima, que poderia se encaixar nas produções da década anterior. “Laranja Mecânica” (A Clockwork Orange, 1971) é um dos dois filmes produzidos na década, o outro é “Barry Lyndon” (1975). O primeiro é uma obra distópica futurista enquanto o segundo é um drama histórico. Kubrick trabalha os anos 70 olhando para o futuro e para o passado. A década de 1980 inicia-se com a produção “O Iluminado” (The Shining), baseada no livro homônimo do escritor Stephen King (1947-), que disse não gostar da adaptação, contrariando a opinião de Joey Tribbiani. Sete anos depois, em 1987, o diretor filma “Nascido para Matar” (Full Metal Jacket), que narra o treinamento e a incursão de soldados estadunidenses na Guerra do Vietnã. Do penúltimo ao último filme de Kubrick há uma pausa de doze anos. “De Olhos bem Fechados” (Eyes Wide Shut, 1999). No seu último filme o diretor trabalha as relações pessoais a partir da óptica de um casal, que vive um vazio existencial da sociedade burguesa.
São treze filmes. Uma filmografia curta em termos de quantidade, mas excelente em qualidade. A exposição, que ocorre no MIS (Museu da Imagem e Som) de São Paulo desde o dia 11 de outubro, reúne objetos de cena e figurinos de filmes de Stanley Kubrick. Ela é organizada pelo Museu Alemão do Cinema (DeutschesFilmmuseum), pela viúva do cineasta, Christiane Kubrick, e pelo Arquivo Stanley Kubrick da Universidade de Artes de Londres. No dia 18 de outubro, a 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo faz uma retrospectiva de todos os filmes do diretor. Outubro é o mês do brumário e de Kubrick.
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