Amar é uma ação, aquele que ama, como o verbo transitivo, necessita de um complemento, pois quem ama, ama alguém. A busca pelo amor, a reconciliação entre Eros e Psiquê, na era dos aplicativos é o tema da peça ‘Tinderelxs’ da companhia Maizum de Artes Cênicas. Em trajes de núpcias, Dominatrix (Carol Gierwiatowski), PsiquEros (Renato Alves), Stalker (Danilo Forlini) e Bloody Bride (Neila Dória) são quatro personagens que expressam as características do “amor líquido” na tentativa de realização amorosa através de aplicativos de relacionamentos.
Dominatrix é o amor construído por camadas da memória. Carrega um buquê de noiva com fios de chicote, com uma lança na outra ponta. Sob a cama de gato, tenta conectar as memórias de seus amores, relembra dos efêmeros e intensos. Mas não é a dominadora, é submissa a sua busca. Com os versos “o amor que vive em mim/vou agora revelar/este amor que não tem fim/já não posso em mim guardar” da música ‘Gayana’ expressa-se duplamente, unindo Amor e Arte.
PsiquEros é o símbolo do amor autodestrutivo, submisso na busca por uma alteridade. Conhece todas as regras dos relacionamentos, mas se flagela, é agredido. Quer apenas amar alguém sem ter que que hesitar, se machucar. Na sua cama, solitário, envia mensagens em áudio para “amores passantes”.
A personagem Bloody Bride expõe a posição do feminismo, questiona o papel da mulher na sua busca pelo amor na atualidade. Ela é o amor não submisso, que luta para se emancipar. Em outro aspecto, Stalker é o humor: é preciso rir, é preciso amar, é preciso achar alguém, uma vida de necessidades. Perfis são expostos, apresentações, buscas se mesclam.
A personagem Bloody Bride expõe a posição do feminismo, questiona o papel da mulher na sua busca pelo amor na atualidade. Ela é o amor não submisso, que luta para se emancipar. Em outro aspecto, Stalker é o humor: é preciso rir, é preciso amar, é preciso achar alguém, uma vida de necessidades. Perfis são expostos, apresentações, buscas se mesclam.
Na intervenção cênica ‘Tinderelxs’ as histórias apontam para experiências passadas, marcadas na memória, mas o fim, o almejado, é o final feliz representado pela harmonia, comunhão arquetipal entre Eros e Psiquê, simbolizada pelo ritual do matrimônio. Os quatro personagens entram no carro, festejam, há uma música feliz de casamento, partem.
O amor nos tempos dos aplicativos se prende a uma “cama de gato” tentando conectar os que buscam eternamente serem amantes ou apenas desvencilhar-se da solidão. Como é a busca pelo amor intermediada pela tela, com a ação sendo iniciada com o toque no “x” ou no “coração vermelho”? A companhia Maizum de Artes Cênicas com a direção de Weber Fonseca responde à indagação através da intervenção cênica ‘Tinderelxs’.
No fim, há a facilidade da conectividade virtual ao mesmo tempo em que ocorre a inabilidade, a efemeridade, a pouca profundidade das relações afetivas humanas. Assim, mesmo na era dos aplicativos, o ser humano, repleto de dilemas existenciais, se volta para questões arquetipais em torno do amor, se questionando “como eu amo?”.
0 comentários:
Postar um comentário