Viajar não é um fim, é um meio, um motivo, uma necessidade. O deslocamento no espaço gera uma nova relação com o tempo presente, essencial para se entender o passado, o futuro. Ter histórias, memórias. Viajo porque preciso; volto porque sinto saudades, porque tenho memórias de espaços, sensações, tempos, viajantes, amores. A viagem é metafísica, representante da dialética interior versus exterior, o roteiro contra o acaso, a percepção da dualidade da vida, dos sentimentos. A troca de seres, o contato. Caminhos criam roteiros lineares, podendo se cruzar, é a sinfonia do acaso.

Heródoto narra em suas “Histórias”, sob o signo das musas, casos de aventureiros de diversos reinos da antiguidade que viajaram rumo a terras desconhecidas. Plutarco narrou “vidas ilustres” com destaque para a de Alexandre, o Grande; aventureiro e conquistador da Macedônia que conseguiu expandir o seu reino até os limites do extremo oriente, em territórios da Índia, estabelecendo o período helenístico da antiguidade.


O cinema possui os “road-movies”, um gênero específico para filmes que se baseiam em relatos de viagens. O cineasta italiano Federico Fellini realizou “A estrada da vida” sobre a história do casal circense de rua chamados de Gelsomina e Zampanò a partir de viés existencialista. Em “Exílios”, o diretor argelino Tony Gatlif coloca a questão da viagem como a busca pela identidade. No filme “Paris, Texas”, de Win Wenders, Travis é um caminhante, se perde por caminhos, retorna para estradas familiares.
Relatar viagens é compartilhar experiências, sensações, impressões sobre culturas, lugares, tempos e aventuras; caminhando entre a subjetividade e a objetividade, entre a impressão e a escrita. Um devaneio da realidade.
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