As Bicicletas Brancas de Amsterdam

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Na década de 50, em Amsterdam na Holanda, teve inicio o movimento da Contracultura. Uma grande quantidade de indivíduos, se reuniram para praticar determinadas ações não convencionais para a época como “boicotes”, ações cênicas e sabotagens. Eles criaram conceitos e táticas de ações inovadoras através de uma nova forma de resistência social, baseada na cultura, diferente da forma de resistência dos movimentos socialistas da segunda metade do século XIX e início do século XX, que baseavam suas ações no campo social e econômico.

As pessoas que participaram da gênese da Contracultura, acreditavam que: a cultura conservadora burguesa oriunda da sociedade capitalista era ruim para o convívio dos indivíduos em comunidade. Esta cultura, de acordo com eles, incentivava o fetichismo, o consumismo e degradava o meio-ambiente, como também, o ser humano. Ela era uma cultura padronizada da classe dominante, imposta a toda a sociedade. Portanto, uma cultura produzida no contexto do antagonismo de classes.

Uma das ações criadas pelos adeptos da Contracultura foi a “Bicicleta Branca”. Diversas bicicletas, pintadas de branco, foram colocadas em vários pontos da cidade, para serem um veiculo de locomoção não poluente, gratuito e comunitário. Qualquer pessoa poderia pegar a bicicleta e locomover-se pela cidade. Após a utilização, a única recomendação era que: a deixassem num local público e de fácil acesso.

A criação da “Bicicleta Branca” representou uma tentativa, no campo cultural, de despadronização da sociedade masssificadora capitalista, significou, também, a tentativa da criação de um transporte coletivo gratuito para a comunidade. Não havia a propriedade privada do meio coletivo de transporte, neste caso a bicicleta. Tal conceito é representado por um manifesto colado nas ruas de Amsterdam:


A Bicicleta Branca é o primeiro meio de transporte coletivo gratuito. A bicicleta branca é uma provocação contra a propriedade privada, porque a bicicleta branca é Anarquista! Uma vez utilizada, nas a deixamos para o usuário seguinte(...)”

Os adeptos da Contracultura, em Amsterdam, tentaram revolucionar a sociedade, torná-la libertária, a partir da cultura, e não dos meios de produção material. Eles almejavam mudar o conceito de individual, privado e padronizado da sociedade burguesa, pelo conceito: coletivo, comum e pluralista da sociedade socialista, para que as pessoas vivessem numa sociedade livre sem o algoz do capitalismo. Diversos meios foram empregados, contudo o que mais se destacou foi o das “Bicicletas Brancas”. A Contracultura teve a sua gênese em Amsterdam, na década de 50, e seu ponto alto nas manifestações de maio de 68, em Páris. Atualmente, ela foi incorporada ao fetichismo do capitalista..., infelizmente.

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