Cine Campus: Pequena Miss Sunshine

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Quando foi lançado no final de 2006, o filme "Pequena Miss Sunshine" (Litte Miss Sunshine, EUA, 2006, Jonathan Dayton e Valerie Faris) logo se tornou um fenômeno de bilheteria e de crítica, algo meio que raro para os filmes estadunidenses. O filme foi indicado ao Oscar em diversas categorias, inclusive para melhor filme. Mas, é claro que não ganharia, o prêmio foi dado à Martin Scorsese, desmerecidamente, ao seu filme “Os Infiltrados”, que o dessem em 1975 com “Táxi Driver” ou em 1984 com “Depois das horas”. "Pequena Miss Sunshine" não foi produzido por um grande estúdio. Não tinha lobby, mas tinha qualidade; ganhara o Sundance Festival, talvez um dos poucos festivais sérios dos EUA, de qualidade e com um bom perfil: filmes simples, inteligentes, de boa qualidade e independentes.

“Ninguém é normal”, se está é uma máxima para categorizar os membros da família Hoover, imagine como são os membros dela. Tem-se um pai que está obcecado no seu “revolucionário” e “novo” método para criar “vencedores”, quer publicá-lo e vendê-lo aos montes, para que, assim todos que queiram, possam ser “vencedores”; uma mãe neurótica e perdida; um tio suicida (o maior especialista de Marcel Proust nos EUA); um avô viciado em cocaína e coreógrafo; um irmão que se chama Dwayne e está obcecado em se tornar piloto de caças e é fã de Nietzsche; e há a pequena Olive de 7 anos, o centro de tudo, o ponto de equilíbrio da família.

Toda história do filme se passa em torno de Olive, que adora concurso de Miss e almeja se tornar uma. Ela ganhara a segunda colocação no concurso regional de Miss Chili em Alburquerque, no entanto, a primeira colocada adoeceu, devido à remédios para emagrecer, Olive ganha a vaga no concurso Little Miss Sunshine na Califórnia. Eis que começa a viagem da família Hoover para levar Olive ao concurso, percorrendo mais de 1.000 Km., mas antes de chegar até lá muita coisas irão acontecer: o tio reencontra o ex-namorado e ex-aluno; o avô morre de overdose e o irmão descobre ser daltônico, o que o impedirá de ser piloto. Mas mesmo assim, todos continuam unidos para levar Olive ao concurso.

Apesar da história do filme ser simples, a narrativa é muito interessante e engenhosa. Nos diálogos entre os membros da família algo é contado sobre os outros membros, isto preenche as lacunas da narrativa, pois ao retomá-las ficamos sabendo o porquê o tio tentara se matar, qual o motivo de Dwayne não falar, etc. Já o tom caminha para o humor, mas não qualquer humor e sim um humor inteligente criado a partir de um desconcerto, de um mundo "transloucado". A toda hora caminha-se do humor para o drama e vice-versa, sem quebras de efeito. Neste filme, as palavras de Aristóteles sobre a comédia se aplicam: “Ela deve mostrar e corrigir os vícios humanos”.

Ao final da jornada, a família, antes desfragmentada, agora unida e feliz chega ao local do concurso. Olive participar do concurso, vemos uma das cenas mais engraçadas da história do cinema: a coreografia de Olive que o seu avô a ensinara. Tem-se uma crítica aos concursos de Miss e a precoce transformação de pequenas meninas em Barbies. Pequena Miss Sunshine não ganhou o Oscar, ainda bem, só o dão para filmes medíocres, mas conseguiu duas coisas raras nos EUA: bilheteria e crítica, possíveis graças a sua simplicidade e qualidade.


Trailer

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