Na Física, trabalho é a força aplicada sobre um corpo, produzindo um deslocamento, podendo ser definido como a relação entre a força e o deslocamento, classificado entre: trabalho motor, quando a força e o trabalho estão no mesmo sentido; trabalho resistente, quando a força e o deslocamento seguem sentidos opostos; e, por último, trabalho nulo, quando o trabalho é igual a zero. Por seu turno, na Sociologia, trabalho é a ação do homem no processo de transformação da natureza a partir da relação entre forças produtivas e meios de produção através de um processo materialista histórico dialético, sendo responsável por reger não só a produção material, mas também cultural humana segundo um contexto de lutas de classes.
No caso do Cinema, por ser uma Arte voltada para a exibição em massa, ele também serve como um elemento de discurso ideológico de classes, podendo ser um arauto da Classe Trabalhadora e um dos expoentes das contradições sociais, como ocorre com os filmes: “Germinal” (França, 1993), dirigido por Claude Berri (1934-2009); “Tempos Modernos” (Modern Times, EUA, 1936), dirigido por Charles Chaplin (1889-1977); “Eles não Usam Black-Tie” (Brasil, 1981), dirigido por Leon Hirszman (1937-1987); e “Pão e Rosas” (Bread and Roses, França, RU, 2.000), dirigido por Ken Loach (1936-).
No dia 1º de Maio “comemora-se” o dia do Trabalhador, sendo uma data, historicamente, para relembrar o processo de luta da Classe Trabalhadora no contexto de lutas de classes e o seu conflito com as classes dominantes, ou seja, aquelas que detêm os meios de produção. Em tese, ela é uma data de luta e luto, pois a luta de classes e a exploração do homem pelo homem através do trabalho não foi suprimida, sendo as relações de trabalho responsáveis por estruturar e estratificar a sociedade, restando ao Trabalhador nada além da possibilidade de vender a sua força produtiva (ou força de trabalho) para aqueles que detêm os meios de produção, assim, subjugando-se e alienando-se socialmente.
O filme “Germinal” é uma adaptação do romance realista-naturalista homônimo do escritor francês Émile Zola (1840-1902), tendo a sua narrativa centrada na condição degradante dos trabalhadores mineiros no norte da França no final do século XIX. Os mineiros são explorados e possuem condições péssimas de trabalho, restando-lhes apenas a organização e a greve como formas de luta e emancipação. Há o destaque para a necessidade de organização da classe trabalhadora.
Em “Tempos Modernos”, tem-se o homem sendo reduzido a uma mísera condição no processo de produção capitalista. Em uma das cenas mais famosas do filme, o Trabalhador sofre um colapso nervoso por fazer movimentos repetitivos que o reduzem apenas a uma peça da engrenagem de produção em uma linha de montagem. O movimento é repetitivo, alienante, mecânico. A alienação do trabalho também produz a alienação social. Na abertura do filme, há uma montagem paralela com um plano de Trabalhadores saindo do metrô, indo para a fábrica e outro plano de um grupo de ovelhas.
Já produção brasileira “Eles não Usam Black-Tie” mostra o processo de greve de Trabalhadores de uma empresa por melhores condições de trabalho. Há o conflito com os patrões e as divisões dentro da própria classe trabalhadora, quando interesses particulares são colocados acima dos interesses coletivos e da classe, o que é expresso pelo conflito entre pai e filho, tendo a prole se voltado contra o pai e a classe. O destaque do filme é a greve, a organização e a luta da classe trabalhadora em um contexto similar aos das greves dos metalúrgicos das cidades do grande ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano) no início da década de 1980.
Por sua vez, “Pão e Rosas, dirigido por Ken Loach, filho de operários que dedicou sua obra cinematográfica à descrição das condições de vida da classe operária; expõe as condições dos trabalhadores mexicanos “ilegais” nos Estados Unidos. Os trabalhadores são subjugados e explorados devido as suas condições de imigrantes ilegais. Um líder sindical tenta expor as contradições e a exploração pela qual sofrem os trabalhadores mexicanos. Há passeatas, panfletagem, há a tentativa de organizar a classe trabalhadora.
Não apenas no dia 1º de Maio que a luta da Classe Trabalhadora deve ser lembrada, mas sim enquanto as contradições sociais e a luta de classes permanecer. Filmes como “Germinal”, “Tempos Modernos”, “Eles não Usam Black-Tie” e “Pão e Rosas” expõem a condições, a exploração e a luta da classe trabalhadora. Nestes filmes, o trabalho é apresentado como algo negativo para com o indivíduo, alienando-o socialmente e degradando-o física e psicologicamente. Quem tiver olhos, veja; punhos, lute.
0 comentários:
Postar um comentário