Seriados Televisivos

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Imaginemos a indústria do audiovisual como um supermercado onde se vende m apenas produtos industrializados de diversas marcas e qualidades, das piores e mais baratas, como produtos da globo filmes, a produtos intermediários hollywoodianos, e alguns itens de qualidade, representados por alguns seriados televisivos estadunidenses. Enquanto filmes hollywoodianos seguem uma fórmula simples e recorrente, sem qualidade, os seriados possuem maior liberdade de criação tanto no roteiro quanto em técnicas, é o que ocorre com as séries: ‘Breaking Bad’, ‘Game of Thrones’, ‘Vikings’ e ‘The Big Bang Theory’. 

Em termos técnicos e de fotografia a série Breaking Bad (2008-2013) é a melhor. Em relação à fotografia, há a busca de planos com diversos ângulos com pontos de vistas diferentes do padrão, o que cria um jogo de câmera de qualidade e diferenciado. Há planos, aparentemente sem sentido, mas cheio de carga metafórica: seja um lagarto caminhando pelo deserto, ou um ursinho de pelúcia em uma piscina. 

Outro ponto de destaque da série é a quebra do maniqueísmo, pois não há uma ética de estado e, sim, de ação, de modo que há uma linha tênue entre o que é certo e errado. O protagonista é o professor de química Walter White, interpretado pelo premiado ator Bryan Cranston. Ele mora com a família em Albuquerque, Novo México-EUA, e descobre que está com câncer em estágio avançado. Em um contexto de crise econômica, começa a produzir metanfetaminas, uma droga ilegal e cara, para, assim, poder deixar dinheiro para a esposa e filhos. 

Quando ‘Game of Thrones’ foi lançado em 2011, e o inverno estava chegando, houve um estranhamento por parte do público, pois a série seria uma obra que substituiria a lacuna deixada pela trilogia de ‘O Senhor dos Anéis’ no cinema. No entanto, ela foi exibida pelo canal de televisão HBO e não como filmes. Uma série baseada no universo criado pelo escritor George R. R, Martin seria perfeita para produções hollywoodianas, mas foi transformada em seriado televisivo. 

A narrativa se passa em um universo com traços medievais havendo sete reinos, chamados de sete casas, de Westeros, onde "verões duram décadas e os invernos uma vida inteira". O mais interessante da série é a construção das personagens, cada reino ou casa, possui um arquétipo de personalidade, o que pode criar identificações com as personalidades do público. Outro ponto interessante, é que ela é uma série épica aparentemente machista, no entanto, apenas as mulheres (e o anão Tyrion Lannister) agem de forma racional, de modo que os homens agem de forma instintiva e de acordo com as características da sua casa. 

Alguns canais de televisão especializados apenas em documentários começaram a produzir séries ficcionais, como é o caso do History que produziu a série ‘Vikings’ (2013-), um drama histórico que narra as aventuras do guerreiro viking Ragnar Lodbrok no século IX. Tem-se uma narrativa histórica que se baseia no desenvolvimento de uma tribo viking e a invasão nórdica à Inglaterra e a outros países europeus. 

A fotografia e as cenas de luta são os destaques da série, além da fidelidade histórica com a reconstrução de vilas e barcos, o tema do contato entre culturas diferentes: a nórdica (pagã) e a europeia (cristã) é um outro aspecto interessante. As cenas de luta são produzidas sem efeitos especiais e com uma grande quantidade de coadjuvantes, o que cria cenas realistas e impactantes. Não há a utilização de efeitos especiais baseados no chroma key, que coloca a partir de computação gráfica elementos que não foram filmados. 

A maioria dos bons seriados televisivos da atualidade são dramas ou narrativas épicas, mas outra série de qualidade é a comédia ‘The Big Bang Theory’ (2007-). Ela é um sitcom onde as personagens agem em locais fixos e o cômico surge dos diálogos, no caso dela o grande destaque, pois há recorrentemente referências ao universo geek e da física. No enredo têm-se os físicos Leonard Hofstadter e Sheldon Cooper que moram juntos em um apartamento, onde se passa a maioria dos episódios; além de Howard Wolowitz e Rajesh Koothrappali, há a personagem feminina Penny, que não pertence à área da ciência e ao universo geek, o que gera uma interação cômica. No entanto, o grande destaque da série são os diálogos. 

Os seriados televisivos podem ser considerados como o que de melhor é produzido dentro da indústria audiovisual. Um produto industrial de qualidade para o consumo rápido em uma sociedade onde tudo é feito para não durar, com uma existência liquida e passageira. Entre produtos indigestos com uma qualidade ruim de ingredientes com atores globais ou estrelas hollywoodianas, as prateleiras de alguns seriados televisivos como ‘Breaking Bad’, ‘Game of Thrones’, ‘Vikings’ e ‘The Big Bang Theory’ são o que há de melhor dentro do grande supermercado do audiovisual, atualmente.

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