André Bazin (1918-1958) é o mais importante crítico da história do cinema. Ele foi um dos fundadores da principal publicação especializada sobre cinema de todos os tempos: a revista francesa Cahiers du cinéma. A revista serviu como embrião de jovens cineastas que viriam a ser os mais representativos da Nouvelle Vague no final da década de 50, como François Truffaut e Jea-Luc Godard. Bazin é considerado o “pai” da crítica cinematográfica. Ele desenvolveu um conjunto de linguagens que fundamentavam e embasavam o exercício da crítica cinematográfica nascente.
A importância de André Bazin para a história do cinema não se resume à crítica cinematográfica. Ele foi também um dos maiores teóricos que se debruçaram sobre temas inerentes à Sétima Arte, indo desde preocupações formais, conteudisticas e, até mesmo, históricas. Um dos seus estudos mais importantes encontra-se no seu artigo para a Cahiers du cinéma, em 1945, intitulado Problème de la peinture, no qual ele trata da ontologia da imagem. Neste artigo, Bazin discorre sobre a importância da imagem ao longo da história da humanidade, bem como qual o significado atribuído a ela e sua relação com o processo de constituição ontológica do Ser.
Uma das principais características do Ser, no seu processo de constituição ontológica, é a sua consciência de efemeridade. O Ser sabe que o tempo é voraz e que a morte é iminente. Mesmo assim, ele luta, ou joga xadrez, contra ela. Uma forma de tentar vencer a morte é a tentativa, segundo Bazin, de criar artifícios para sustentar a perenidade material do corpo. Com isto, como afirma Bazin, satisfaze-se uma necessidade fundamental da psicologia humana: a defesa contra o tempo. Já que a morte é senão a vitória do tempo sobre o Ser. Para o pensador francês, fixar artificialmente as aparências carnais do Ser é salvá-lo da correnteza do tempo mortífero.
De acordo coma tese de Bazin, o Ser busca vencer a morte e o tempo a partir da perenidade da forma, que possa ser dotada de destino temporal autônomo. No antigo Egito, mumificavam o corpo, para que ele pudesse ser eterno. Com o advento da pintura, pode-se transpor o Ser em sua forma e essência para um universo ideal à imagem do real, onde ele seja eterno. Na literatura, temos exemplos daquilo que Bazin chamou de “complexo de múmia”, como no romance O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, e no conto “Retrato oval”, de Edgar Allan Poe. Em ambas obras, há a tentativa de vencer a morte e o tempo a partir da imagem, tornando-se, desta forma, imortal.
Bazin salienta que com o advento da fotografia e, posteriormente, do cinema há o “embalsamento” do tempo, subtraindo-lhe, desta forma, a sua própria corrupção. Bazin afirma que, pela primeira vez, a imagem das coisas é também a imagem da duração delas. O filme não se contentaria, de acordo com Bazin, em conservar o objeto e o Ser lacrado no instante. Ele cria um conjunto de instantes, aquilo que Bérgson chamou de Durée. Ou seja, ao criar este tempo autônomo, ele se desvencilha do tempo que corrói e que causa a morte, para criar uma existência perene.
A criação de um tempo autônomo, criado pelo cinema, desvencilharia-se da mortalidade. As características do Ser estariam salveguardadas eternamente numa imagem, constituída de uma duração. Ou seja, a duração (durée) se desvincula do tempo real, objetivo e corrosivo, criando um tempo autônomo, independente e expositivo, pois expõe os anseios da perenidade da forma e da existência do Ser.
No seu artigo, Bazin analisa o impacto que a imagem possui, bem como a sua importância para o processo de constituição ontologia do Ser. Ele salienta que o homem tenta vencer a morte (um dos principais elementos de consciência ontológica como nos mostra Ingmar Bergmam no seu filme O Sétimo Selo, Det Sjunde inseglet, 1956) a partir da perenidade da forma e através da luta contra o corrosivo tempo objetivo. Para tanto, a pintura, a fotografia e, mais ainda, o cinema têm um enorme impacto no processo de constituição ontológica do Ser, pois servem de instrumento na tentativa de vitória no eterno jogo de xadrez contra a morte. Através da imagem, o homem transpõe elementos do real para uma outra realidade perene, onde ele possa se identificar como Ser, para todo o sempre. Al Jek Mat.
A importância de André Bazin para a história do cinema não se resume à crítica cinematográfica. Ele foi também um dos maiores teóricos que se debruçaram sobre temas inerentes à Sétima Arte, indo desde preocupações formais, conteudisticas e, até mesmo, históricas. Um dos seus estudos mais importantes encontra-se no seu artigo para a Cahiers du cinéma, em 1945, intitulado Problème de la peinture, no qual ele trata da ontologia da imagem. Neste artigo, Bazin discorre sobre a importância da imagem ao longo da história da humanidade, bem como qual o significado atribuído a ela e sua relação com o processo de constituição ontológica do Ser.
Uma das principais características do Ser, no seu processo de constituição ontológica, é a sua consciência de efemeridade. O Ser sabe que o tempo é voraz e que a morte é iminente. Mesmo assim, ele luta, ou joga xadrez, contra ela. Uma forma de tentar vencer a morte é a tentativa, segundo Bazin, de criar artifícios para sustentar a perenidade material do corpo. Com isto, como afirma Bazin, satisfaze-se uma necessidade fundamental da psicologia humana: a defesa contra o tempo. Já que a morte é senão a vitória do tempo sobre o Ser. Para o pensador francês, fixar artificialmente as aparências carnais do Ser é salvá-lo da correnteza do tempo mortífero.
De acordo coma tese de Bazin, o Ser busca vencer a morte e o tempo a partir da perenidade da forma, que possa ser dotada de destino temporal autônomo. No antigo Egito, mumificavam o corpo, para que ele pudesse ser eterno. Com o advento da pintura, pode-se transpor o Ser em sua forma e essência para um universo ideal à imagem do real, onde ele seja eterno. Na literatura, temos exemplos daquilo que Bazin chamou de “complexo de múmia”, como no romance O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, e no conto “Retrato oval”, de Edgar Allan Poe. Em ambas obras, há a tentativa de vencer a morte e o tempo a partir da imagem, tornando-se, desta forma, imortal.
Bazin salienta que com o advento da fotografia e, posteriormente, do cinema há o “embalsamento” do tempo, subtraindo-lhe, desta forma, a sua própria corrupção. Bazin afirma que, pela primeira vez, a imagem das coisas é também a imagem da duração delas. O filme não se contentaria, de acordo com Bazin, em conservar o objeto e o Ser lacrado no instante. Ele cria um conjunto de instantes, aquilo que Bérgson chamou de Durée. Ou seja, ao criar este tempo autônomo, ele se desvencilha do tempo que corrói e que causa a morte, para criar uma existência perene.
A criação de um tempo autônomo, criado pelo cinema, desvencilharia-se da mortalidade. As características do Ser estariam salveguardadas eternamente numa imagem, constituída de uma duração. Ou seja, a duração (durée) se desvincula do tempo real, objetivo e corrosivo, criando um tempo autônomo, independente e expositivo, pois expõe os anseios da perenidade da forma e da existência do Ser.
No seu artigo, Bazin analisa o impacto que a imagem possui, bem como a sua importância para o processo de constituição ontologia do Ser. Ele salienta que o homem tenta vencer a morte (um dos principais elementos de consciência ontológica como nos mostra Ingmar Bergmam no seu filme O Sétimo Selo, Det Sjunde inseglet, 1956) a partir da perenidade da forma e através da luta contra o corrosivo tempo objetivo. Para tanto, a pintura, a fotografia e, mais ainda, o cinema têm um enorme impacto no processo de constituição ontológica do Ser, pois servem de instrumento na tentativa de vitória no eterno jogo de xadrez contra a morte. Através da imagem, o homem transpõe elementos do real para uma outra realidade perene, onde ele possa se identificar como Ser, para todo o sempre. Al Jek Mat.