Cine Campus: Bob Dylan

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Zimmerman NO DIRECTION HOME Dylan
por Breno Rodrigues de Paula

Na sua famosa composição niilística “God”, John Lennon enumera vários nomes que ele não acredita. Dentre estes nomes está o de Robert Zimmerman. Indagado, em uma célebre entrevista para a revista Rolling Stone em 1970, o porquê de ter dito não acreditar em Zimmerman ao invés de Dylan, Lennon diz que não acredita em Dylan e que há apenas Zimmerman. No documentário “No Direction Home”, dirigido por Martin Scorsese, pode-se ver justamente a transformação de Robert Zimmerman em Bob Dylan-, da sua infância em Hibbling-Minnesota, EUA, até a sua grande turnê européia em 1966, no qual Dylan era Bob Dylan.

A estrutura do documentário é simples e seus aspectos formais são tradicionais dentro do gênero. Há o depoimento de Dylan, contando fatos de sua vida, acontecimentos de sua carreira, além de seus próprios comentários sobre todo o conteúdo da narrativa. Os depoimentos de Dylan mesclam-se com entrevistas de pessoas que conviveram com o “Menestreu” como Joan Baez, Allen Ginsberg, Dave von Ronk, Suze Rotolo, Pete Seeger dentre outros. Os depoimentos e as entrevistas se amalgamam com vídeos, fotos e entrevistas da época, além das performances de Dylan e sua banda.

A temática do documentário é divida em temas que tentam desvendar a “metamorfose” e os restícios de Zimmerman em Dylan. A passagem, ou melhor dizendo, a fusão da música Folk com o Blues e o Rock. Cada tema é introduzido por uma performance de Dylan, o que sintetiza e introduz a temática do capítulo.

O documentário mostra todos os dramas e as etapas da passagem de Zimmerman para Dylan-, no plano musical, bem como as implicações e conseqüências desta mudança para a música Folk e para a música Pop. O cantor de músicas de protesto, que cantou na histórica marcha pelos direitos civis em Washington, onde Martin Luther King fez o seu mais célebre discurso, é vaiado poucos anos depois por usar percussão e guitarra elétrica -, é então chamado de traidor da música Folk.

Um dos pontos altos do documentário é o capítulo reservado à música “Like a Rolling Stone”. Todo o processo de composição, de gravação e de lançamento é mostrado. “Like a Rolling Stone” é um marco para a história da música Serial do século XX, por ter ampliado as possibilidades formais da música Pop. A canção não estaria mais presa a uma forma fixa, pequena e limitada-, seus limites formais foram ampliados.

Por quantas estradas um homem deve caminhar para que o chamem de homem? No documentário “No Direction Home”, Martin Scorsese caminha até o ano de 1966, no qual o mundo passou a conhecer apenas e somente Bob Dylan. Ao final de 208 minutos de documentário podemos entender o que foi e o que é Bob Dylan. Podemos conhecer mais profundamente um gênio por trás de grandes composições como “Blowin’ In The Wind”, “A Hard Rain’s A- Gonna Fall”, “Subterranean HomesickBlues”, “Mr. Tambourine Man” e, é claro, “Like a Rolling Stone” e ter certeza que os gênios fazem as suas próprias regras. Mas Zimmerman e Dylan ainda possuem traços em comum, o primeiro é Robert, o segundo, Bob, este diminutivo daquele.

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