
O prêmio Nobel de Literatura foi criado em 1901, sendo concedido anualmente pela Academia Sueca para os escritores que se destacam no campo literário. O Nobel não deveria servir para se colocar em discussão a qualidade artística de Dylan, mas, sim, as diretrizes do prêmio. O filósofo francês Jean-Paul Sartre recusou a premiação, poucos outros bons escritores a receberam como Thomas Mann, Luigi Pirandello, Ernest Hemingway, Albert Camus, Pablo Neruda, Gabriel García Márquez e José Saramago.

Segundo a tradição literária ocidental, a poesia e a música nascem juntas, como uma só linguagem. O termo “gênero lírico” remete à lira, um instrumento musical usado pelos aedos na Grécia antiga. No entanto, os gêneros literários não são estáticos e perenes, ou seja, eles nascem, vivem, morrem e evoluem. Uma das características da arte contemporânea e da modernidade artística é a fusão de gêneros e a interseção de linguagens artísticas.
A discussão se a composição musical é literatura ou não, não deve caminhar para posicionamentos estáticos de gosto e desejos de imutabilidade dos gêneros literários ou mesmo no sentido restrito do que é literatura, como ocorre com parte de setores da teoria literária e com o senso comum. Pelo contrário, deve caminhar para um entendimento dos fatores que regem a criação artística, possuindo a percepção do dinamismo e da interseção das múltiplas linguagens no contexto atual.
O bardo Dylan, ou aedo para os gregos, retorna aos primórdios da literatura com a sua Arte, sem distinção entre poesia e música, na própria gênese do gênero lírico. Os tempos estão mudando, como sempre e com frequência, Dylan percebe a mudança, nós a ouvimos, quem tiver ouvidos, ouça-a. Zimmerman está entre os bons, é um dos melhores transitando entre linguagens, é um dos maiores bardos, aedos, compositores e tudo o mais de todos os tempos. O nobel é apenas um prêmio de 8 milhões de coroas suecas. Contrariando John Lennon: I believe in Zimmerman.
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