Greta Gerwig: a atriz símbolo do cinema independente

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Provavelmente, quando cresceu, um cineasta torto do cinema independente estadunidense, desses que vivem na sombra da indústria cinematográfica, conhecidos como Mumblecore, disse: Vai, Greta! Ser atriz gauche na vida. Greta Gerwig é uma atriz e roteirista de cinema, nasceu em 1983 na cidade de Sacramento, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Estudou Inglês e Filosofia na Universidade de Columbia na cidade de Nova Iorque. Ainda na faculdade, recebeu o convite para a sua primeira atuação no cinema, em 2006, na produção “LOL”, do jovem diretor Joe Swanberg (1981-). Em seguida, Greta trabalha com os principais diretores do cinema independente estadunidense, tais como Jay Duplass e Mark Duplass, Mary Bronstein e, o principal, Noah Baumbach

Alguns estudiosos do cinema consideram o Dogma 95 como o último grande movimento de relevância e impacto dentro da história do cinema. Cineastas consagrados como os dinamarqueses Lars von Trier e Thomas Vinterberg criaram um manifesto em 1995, prescrevendo como deveria ser a produção cinematográfica com os seus “votos de castidade”, contendo dez regras, com o objetivo de realizar um cinema mais realista e menos comercial. No início dos anos 2.000, um grupo de jovens cineastas estadunidenses, mais pelo contexto de produção do que por uma proposta estética elaborada premeditadamente, cria o movimento “Mumblecore”, ou em tradução livre, “geração do resmungo”. 

A geração do Mumblecore foi caracterizada por ser constituída de jovens cineastas, que realizavam filmes de baixo orçamento. As produções são realistas, usam locações caseiras, luz ambiente. Os roteiros abordam temas ligados ao cotidiano de uma geração pós-adolescente, que evoluiu muito rápido de videogames de 8, 16, 32, 64, ad infinitum, bits, além de acompanharem o advento do domínio da internet na intermediação das relações humanas. As personagens estão em crise constante devido à relacionamentos amorosos fracassados, ou mesmo emprego ou rotina monótonos. Os filmes se destacam pela importância atribuída aos diálogos e às referências à vida cotidiana, ordinária. 

Se Anna Karina (1940-) é a atriz símbolo da Nouvelle vague francesa na década de 1960, trabalhando nos principais filmes do cineasta Jean-Luc Godard (1930-), tais como “Uma mulher é uma mulher” (Une femme est une femme, 1961), “Vivre sa vie (1962), “Bande à part” (1964), “O Demônio das onze horas” (Pierrot le fou, 1965) e “Made in U.S.A” (1966); Greta Gerwig é a atriz símbolo do cinema independente estadunidense. Sua primeira atuação foi como atriz coadjuvante na produção “LOL” (2006), do diretor Joe Swanberg. O filme se centra no impacto das novas tecnologias ligadas à internet nas relações sociais, principalmente afetivas. 

No seu segundo filme “Hannah Takes the Stairs” (2007), também dirigido por Joe Swanberg, Greta além de ser a protagonista contribui com o roteiro. No filme ela interpreta Hannah que tem que lidar com a vida de recém graduada, dar uma direção para a sua carreira e vida amorosa. No ano seguinte trabalha com os irmãos Jay Duplass e Mark Duplass no filme “Baghead” (2008), no qual um grupo de quatro atores se isolam em uma cabana para escrever um roteiro de cinema. No mesmo ano atua na produção “Yeast”, dirigida por Mary Bronstein. Ainda em 2008, dirige e atua junto com Joe Swanberg o filme “Nights and Weekends”, com uma narrativa que destaca as dificuldades de um relacionamento à distância. 

O ápice da carreira de Greta Gerwig ocorre na parceria com o diretor Noah Baumbach, inicialmente no aclamado filme “Greenberg” (2010), interpretando a personagem Florence Marr, uma aspirante à cantora que se relaciona com o neurótico irmão do patrão. Em 2012, contribui com o roteiro e personifica o seu principal papel através do filme “Frances Ha”. Filmado em preto e branco, como proposta estética, tem-se a história de Frances Halladay, sua dificuldade de ganhar a vida através da dança. No filme há a famosa cena de Frances correndo pelas ruas de Nova Iorque ao som da música “Modern Love”, de David Bowie. O último filme de Greta com Noah Baumbach foi a produção “Mistress America” (2015), no qual interpreta Brooke, uma personagem que apenas quer abrir um restaurante, achar o “seu lugar no mundo”. 

Se o cineasta italiano Federico Fellini tem como musa a sua esposa Giulietta Masina; e Ingmar Bergman Liv Ullmann; ou mesmo Jean-Luc Godard Anna Karina; Greta Gerwig é a atriz símbolo do movimento de cinema independente estadunidense. Sua beleza, sua voz anasalada, o seu jeito gauche, sua capacidade de atuar, escrever roteiros e dirigir filmes é a personificação do Mumblecore. Vale destacar, antes do fim, a participação de Greta no excelente videoclipe da música “Afterlife” da banda Arcade Fire, produzido para a premiação do YouTube Music Awards (YTMA), em 2013, e dirigido por Spike Jonze. Ela dança, caminha do videoclipe para o palco da apresentação. “When love is gone/Where did it go?/And where do we go?

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