Conceitos de Literatura

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Definir é demarcar limites, formatar enquadramentos para que sirvam perpetuamente. Mas, como definir algo que é Arte dinâmica? Na tentativa de definição "absoluta teríamos que considerar questões inerentes à estética. E, portanto, questões que não são exatas e singulares, e sim conceituais e relativas. Definir literatura, é definir uma Arte, como a Arte não tem definição, formulam-se conceitos de literatura. Vários conceitos de literatura e literariedade foram formulados no decorrer da atividade crítica literária humana. Conceitos que tentam definir literatura, e quando, e com quais características e elementos cria-se o texto literário. Muitas vezes, o conceitos são antagônicos entre si ou se complementam ao longo da história da literatura: de Aristóteles ao romantismo, passando pelo conceito moderno e pós-moderno.

Aristóteles dipõe-se a examinar a natureza e os atributos diferenciadores da literatura. O método de Aristóteles consiste no exame de fenômenos observados, tendo em vista anotar suas qualidades e feições. Sua preocupação é, sobretudo, ontológica, ou seja, descobrir em que de fato consiste literatura. Ele expõe sua descrição disposta de tal forma que: a análise da natureza da literatura compreenda suas funções. Como, por exemplo, a tragédia que tem a função de causar "katharsis": temor e piedade, nesta ordem sucessiva.

De acordo com Aristóteles, todas as modalidades da literatura grega envolvem a "mimesis", ou seja a imitação, ou transposição de uma cena primeira, orientada, para uma cena segunda, transposta. A mimesis é a translação do "mundo" físico e metafífico para um "mundo literário". Na literatura, podem ser representados aspectos e situações reais e imaginários, através da esclha de um meio ou processo: epópeia, tragédia e a comêdia. Vale ressaltar também que, segundo Aristóteles, o texto literário se assimila ainda por estar em relação com as três categorias fundamentais do prazer estético: a "poiesis", a "aisthesis" e a "catharsis".

A literatura, segundo o conceito romântico, é a melhor expressão do melhor pensamento através da escrita, ligando-se ao reino das sensações. Na vertente romântica, privilegia-se as emoções, a expresão livre dos estados afetivos e algum desvio da norma padrão em favor dos sentimentos e da liberdade. Para essa visão, a literatura aparece co o algo que se relaciona com as idéias de gênio e de inspiração. Ela é concebida em suas relações com a nação e com sua história. A literatura, ou melhor as literaturas, são, antes de tudo, nacionais.

Os formalistas russos, no início do séulo XX, deram o uso propriamente literário da língua. As propriedades dos textos literário recebem o nome de "literariedade". Jakobson ressalta que: "o objeto da literatura é a literariedade", ou seja, o que faz uma determindade obra, uma obra literária. Para ele, a literatura é uma violência organizada contra a fala comum. Em sua essência, o Formalismo foi a aplicação da linsguística ao estudo da literatura. Os formalisatas passaram ao largo da análise do conteúdo literário e se dedicaram à forma. Era a forma que determinava o conteúdo. A literatura renova a sensibilidade linguística através de procedimentos que desarranjam as formas habituais e autômaticas da sua percepção. Logo, a literatura é caracterizada com experimentação dos "possíveis da linguagem".

O formalismo russo influenciou o conceito de literatura do "Circulo de praga". A inovação está em definir a literatura como fato semiótico. A teoria da literatura foi inserida no quadro mais amplo de uma teoria da comunicação orientada para um ponto de vista semiótico. Elaborou-s, simultaneamente, a distinção saussirriana entre a norma existente (língua) e os enunciados individuais (fala). De acordo com estruturalismo tcheco, o texto literário é, ao mesmo tempo, um signo e uma estrutura de signos. Os checos também ressaltavam a importância da receptividade (fundamento teórico da teoria da receptividade). Na pluralidade das possibilidades de interpretação e recepção baseiam-se na complexidade da obra.

Segundo o conceito "New criticism", que surgiu nos Estados Unidos na década de 30 do século XX, a literatura é uma série de "monumentos" à qual uma obra nova pode ser adicionada. Os adeptos desta corrente apóiam-se na distinção tradicional entre experiência estética e interesses práticos. Isolam o texto de outros textos e também consideram a importância do leitor para a receptividade da obra literária.

Os conceitos de literatura, desenvolvidos desde Aristóteles até a atualidade, demonstram diversos aspectos e funções da literatura. Cada conceito privilegiou determinados aspectos ou funções: Atistóteles desenvolveu o seu conceito através de uma análise descritiva e funcional da obra; os românticos atribuem á obra literária o caráter individualista do autor e o objeto mais valioso do processo literário; os modernistas (Formalistas e Estruturalistas) ressaltavam a importância da linguística e do leitor na definição do conceito de literatura, através da "teoria da receptividade".

Para formulamos um conceito de literatura é necessário unificar, de forma coerente, os conceitos de literatura, ou melhor de literaturas, desenvolvidos durante toda a atividade crítica literária da história da literatura, atribuindo-lhe valores equivalentes, com o intuito de formar um triângulo isóceles, que representaria as partes constituintes da literatura em seu processo literário. A literatura não é uma arte estática ou um monumento. Sua criação é feita através de um processo criativo, estético e perceptivo dinãmico que interagem com a obra, com o autor e com o leitor, formando aquilo o que chamamos LITERATURA.

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As Bicicletas Brancas de Amsterdam

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Na década de 50, em Amsterdam na Holanda, teve inicio o movimento da Contracultura. Uma grande quantidade de indivíduos, se reuniram para praticar determinadas ações não convencionais para a época como “boicotes”, ações cênicas e sabotagens. Eles criaram conceitos e táticas de ações inovadoras através de uma nova forma de resistência social, baseada na cultura, diferente da forma de resistência dos movimentos socialistas da segunda metade do século XIX e início do século XX, que baseavam suas ações no campo social e econômico.

As pessoas que participaram da gênese da Contracultura, acreditavam que: a cultura conservadora burguesa oriunda da sociedade capitalista era ruim para o convívio dos indivíduos em comunidade. Esta cultura, de acordo com eles, incentivava o fetichismo, o consumismo e degradava o meio-ambiente, como também, o ser humano. Ela era uma cultura padronizada da classe dominante, imposta a toda a sociedade. Portanto, uma cultura produzida no contexto do antagonismo de classes.

Uma das ações criadas pelos adeptos da Contracultura foi a “Bicicleta Branca”. Diversas bicicletas, pintadas de branco, foram colocadas em vários pontos da cidade, para serem um veiculo de locomoção não poluente, gratuito e comunitário. Qualquer pessoa poderia pegar a bicicleta e locomover-se pela cidade. Após a utilização, a única recomendação era que: a deixassem num local público e de fácil acesso.

A criação da “Bicicleta Branca” representou uma tentativa, no campo cultural, de despadronização da sociedade masssificadora capitalista, significou, também, a tentativa da criação de um transporte coletivo gratuito para a comunidade. Não havia a propriedade privada do meio coletivo de transporte, neste caso a bicicleta. Tal conceito é representado por um manifesto colado nas ruas de Amsterdam:


A Bicicleta Branca é o primeiro meio de transporte coletivo gratuito. A bicicleta branca é uma provocação contra a propriedade privada, porque a bicicleta branca é Anarquista! Uma vez utilizada, nas a deixamos para o usuário seguinte(...)”

Os adeptos da Contracultura, em Amsterdam, tentaram revolucionar a sociedade, torná-la libertária, a partir da cultura, e não dos meios de produção material. Eles almejavam mudar o conceito de individual, privado e padronizado da sociedade burguesa, pelo conceito: coletivo, comum e pluralista da sociedade socialista, para que as pessoas vivessem numa sociedade livre sem o algoz do capitalismo. Diversos meios foram empregados, contudo o que mais se destacou foi o das “Bicicletas Brancas”. A Contracultura teve a sua gênese em Amsterdam, na década de 50, e seu ponto alto nas manifestações de maio de 68, em Páris. Atualmente, ela foi incorporada ao fetichismo do capitalista..., infelizmente.