Exibição do filme “As Hiper Mulheres” e debate com o diretor Takumã Kuikuro

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Exibição do filme “As Hiper Mulheres” e debate com o diretor Takumã Kuikuro. No dia 31 de outubro, haverá um debate promovido pela Fundação Araporã com o cineasta Takumã Kuikuro, do antropólogo e professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp Edgar Teodoro da Cunha, além do crítico de cinema e autor do site “Travessa Cinematográfica” Breno Rodrigues. 

Local e horário:
O evento acontecerá na sala de múltiplo uso 1 do SESC – Araraquara, localizado na rua Castro Alves, 1315, às 14h30. 

Antes do debate será exibido o documentário “As Hiper Mulheres”, exibido em diversos festivais no Brasil e exterior e ganhador de diversos prêmios, incluindo o Kikito Especial do Júri do Festival de Gramado e o Prêmio Al Jazeera de Melhor Documentário. “As Hiper Mulheres”, uma produção conjunta do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do projeto Vídeo nas Aldeias foi dirigido pelos cineastas Takumã Kuikuro e Leonardo Sette e pelo antropólogo Carlos Fausto. 

A exibição do filme e o debate são uma realização da Fundação Araporã, com apoio do Núcleo de Antropologia da Imagem e Performance da Unesp, do site Travessa Cinematográfica e do SESC Araraquara. Sinopse do filme: Temendo a morte da esposa idosa, um velho pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), para que ela possa cantar uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente. 

Ficha técnica: 
Produção executiva: Carlos Fausto, Vincent Carelli 
Produção: Vídeo nas Aldeias, Museu Nacional (UFRJ) 
Roteiro: Carlos Fausto, Leonardo Sette, Takumã Kuikuro 
Fotografia e som: Mahajugi Kuikuro, Munai Kuikuro, Takumã Kuikuro 
Elenco: Tugupé, Sandaki, Kamankgagu, Kanu, Ajahi, Aulá, Amanhatsi 
Prêmios: Festival de Gramado: 2011 –Kikito Especial do Júri e Kikito Melhor Montagem Festival de Brasília do Cinema Brasileiro: 2011 – Melhor som Festival de Curitiba: Melhor Filme Prêmio Olhar, Prêmio da Crítica (Abraccine), Prêmio do Público, Olhar de Cinema Hollywood Brazilian Film Festival: Melhor Documentário Latin American Film Festival: Prêmio Al Jazeera de Melhor Documentário 

Convidados: 
Takumã Kuikuro nasceu e foi educado pela família na Reserva Indígena do Xingu. Em 2002 começou a participar de oficinas de audiovisual e desde então co-produziu e co-dirigiu os curtas O Dia em que a Lua Menstruou (2004) e O Cheiro de Pequi (2006). Recebeu prêmios no Brasil e Canadá. É o produtor executivo do curta Porcos Raivosos. As Hiper Mulheres é seu primeiro longa. 

Edgar Teodoro da Cunha é professor do Departamento de Antropologia, Política e Filosofia da UNESP (Câmpus Araraquara). É mestre e doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo. Coordena o Núcleo de Antropologia da Imagem e Performance da Unesp. É co-atuor do livro “Antropologia e Imagem” (Zahar, 2006), co-organizador de “Escrituras da imagem” (Edusp, 2004), “Imagem-conhecimento” (Papirus, 2009) e dirigiu os documentários “Jean Rouch, subvertendo fronteiras” (2000), “Ritual da vida” (2005) e “Mbaraká, a palavra que age” (2011).

Breno Rodrigues de Paula é formado em Letras e mestre em Estudos literários pela UNESP de Araraquara-SP. Participou do projeto Cine Campus e organizou diversas mostras e ciclos de Cinema. Ministrou palestras em faculdades e escolas e foi curador do Festival Internacional do Minuto. Possui uma coluna quinzenal sobre cinema no jornal Tribuna Impressa e dirigiu curta-metragens, documentários e programas de entrevistas com cineastas. É membro da Sessão Zoom.

Trailer do filme:

Stanley Kubrick

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Treze, com apenas treze filmes o diretor estadunidense Stanley Kubrick (1928-1999) conseguiu se destacar na história do Cinema como um dos maiores cineastas de todos os tempos, ao lado de nomes como: Sergei Eisenstein (1898-1948), Fritz Lang (1890-1976), Federico Fellini (1920-1993), Ingmar Bergman (1918-2007), Jean-Luc Godard (1930-) e Wim Wenders (1945-). Kubrick será o grande homenageado na 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo deste ano, terá também uma exposição no MIS (Museu da Imagem e do Som ) de São Paulo. 

Stanley Kubrick é um diretor de cinema único, singular; fez apenas treze filmes ao longo de quarenta e seis anos de carreira, de 1953, data do lançamento da sua primeira produção “Medo e Desejo” até o seu último filme “De Olhos Bem Fechados”, lançado no ano de sua morte, 1999. O interessante que cada filme é único dentro da filmografia do diretor, pois ele foi um dos poucos diretores da história do cinema a conseguir realizar obras a partir de diversos gêneros cinematográficos, passando pelo thriller, ficção científica, drama, guerra, drama histórico, comédia, terror, sendo, ainda, um grande “tradutor” de obras literárias para o cinema. 

Na década de 1950, Kubrick faz a sua estréia na direção com “Medo e Desejo” (Fear and Desire), em 1953. O filme narra a história de soldados que tentam sobreviver atrás das linhas inimigas. O diretor sempre renegou e chegou a recolheu a cópia do filme, ficando fora de catálogo por muito tempo. Em 1955, Kubrick lança “A Morte Passou por Perto” (Killer's Kiss), sendo responsável ainda pela produção, montagem e fotografia. O filme é um thriller com uma trama centrada na relação do boxeador Davey Gordon com a dançarina Glória, que é namorada de um criminoso. A trama se desenvolve a partir do conflito amoroso e de poder. 

No seu terceiro filme, lançado em 1956, Kubrick começa a desenvolver o seu estilo e a apresentar sua genialidade. “O Grande Golpe” (The Killing) pode ser caracterizado como um filme noir, narrando a tentativa de um grupo de bandidos de roubar um hipódromo. O destaque do filme é roteiro com o uso de uma cronologia não linear e o fato da história ser mostrada a partir de vários pontos de vistas, forma que inspirou inclusive Quentin Tarantino (1963-) na produção “Pulp Fiction: tempos de violência” (Pulp Fiction, EUA, 1994). O quarto, e último filme da década de 1950, é “Glória Feita de Sangue” (Paths of Glory, 1957). Novamente, o diretor trabalha o drama em um contexto de guerra, neste caso da 1ª Guerra Mundial (1914-1918), sendo lembrando por ser uma obra pacifista e pela atuação de Kirk Douglas (1916-). 

Na década de 1960, Kubrick tem o seu ápice criativo e a consolidação do seu prestígio. Com “Spartacus” (1960) o diretor abre a sequência de cinco filmes, que serão o ápice de sua criatividade. Nele há a famosa cena da revolta dos escravos e a fala em coro: “Eu sou Espártaco” (I’m Spartacus). Em 1962, Kubrick adapta “Lolita”, o romance homônimo do escritor Vladimir Nabokov (1899-1977), que é o responsável pelo roteiro. Há a participação do ator Peter Sellers (1925-1980), que será o grande destaque do filme “Dr. Fantástico” (Dr. Strangeloveor: How I Learnedto Stop Worryingand Love theBomb, 1964), sendo uma paródia da tensa relação entre Estados Unidos e União Soviética no contexto da Guerra Fria e da iminente guerra nuclear no período. O último filme da década influenciou não apenas David Bowie, mas também os adeptos da teoria da conspiração, pois “2001: Odisséia no Espaço” (2001: A Space Odyssey, 1968) é um filme de ficção científica que trata do tema da exploração espacial. 

A década de 1970 possui um filme, a grande obra prima, que poderia se encaixar nas produções da década anterior. “Laranja Mecânica” (A Clockwork Orange, 1971) é um dos dois filmes produzidos na década, o outro é “Barry Lyndon” (1975). O primeiro é uma obra distópica futurista enquanto o segundo é um drama histórico. Kubrick trabalha os anos 70 olhando para o futuro e para o passado. A década de 1980 inicia-se com a produção “O Iluminado” (The Shining), baseada no livro homônimo do escritor Stephen King (1947-), que disse não gostar da adaptação, contrariando a opinião de Joey Tribbiani. Sete anos depois, em 1987, o diretor filma “Nascido para Matar” (Full Metal Jacket), que narra o treinamento e a incursão de soldados estadunidenses na Guerra do Vietnã. Do penúltimo ao último filme de Kubrick há uma pausa de doze anos. “De Olhos bem Fechados” (Eyes Wide Shut, 1999). No seu último filme o diretor trabalha as relações pessoais a partir da óptica de um casal, que vive um vazio existencial da sociedade burguesa. 

São treze filmes. Uma filmografia curta em termos de quantidade, mas excelente em qualidade. A exposição, que ocorre no MIS (Museu da Imagem e Som) de São Paulo desde o dia 11 de outubro, reúne objetos de cena e figurinos de filmes de Stanley Kubrick. Ela é organizada pelo Museu Alemão do Cinema (DeutschesFilmmuseum), pela viúva do cineasta, Christiane Kubrick, e pelo Arquivo Stanley Kubrick da Universidade de Artes de Londres. No dia 18 de outubro, a 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo faz uma retrospectiva de todos os filmes do diretor. Outubro é o mês do brumário e de Kubrick.

Sessão Zoom exibe "Cairo 678"

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Abbey Road: o último e o penúltimo disco dos Beatles

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Muito se escreveu, e tem-se escrito, sobre os Beatles. A banda inglesa revolucionou a Música Serial Pop, elevando-a a um patamar artístico dentro da musica pop mundial. A sua discografia representa todo um percurso de ascensão criativa, desde o primeiro álbum de estúdio Please, Please Me (U.K., 1962), passando por álbuns como Help (U.K., 1964); Revolver (U.K., 1966); Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (U.K., 1967); White Album (U.K., 1968) e, o seu último álbum de estúdio, Abbey Road (U.K., 1969), que a consolidou como a principal banda de rock da segunda metade do século XX. 

O Álbum Branco havia sido lançado em 30 de novembro de 1968, podendo ser considerado como parte do grupo de obras em termos artísticos mais elevadas já criadas ao lado da “Capela Sistina”, da “Nona Sinfonia”, de “Os Irmãos Karamazov”, de ‘O Sétimo Selo”, da “Balada do Mar Salgado”. Nele, os Beatles conseguiram atingir o seu ápice criativo. No início de 1969, John, Paul, George e Ringo se reuniram para gravar um novo e audacioso projeto, que se mostrou conturbado e caótico, sem falar de traumático. Queriam um álbum mais sintético e puro, sem o avant-gard de Sgt. Pepper ou de White Album, executaram Let It Be, que posteriormente resultou em um filme e em um álbum homônimo lançado em 1970. Após abandonar este projeto, o Fab Four entra novamente no estúdio Abbey Road, em Londres, para gravar o seu último álbum de estúdio, intitulado Abbey Road

Abbey Road é o disco mais popular e o mais vendido de todos os outros treze da discografia oficial dos Beatles. São, ao todo, dezessete músicas, se bem que na contra capa aparecem apenas o nome de dezesseis; Paul havia “escondido” uma faixa surpresa “Her Majesty” no Lado B. A álbum possui uma estrutura interessante, dual, mas sintética. O Lado A, com as suas seis faixas, estaria relacionado com a proposta das músicas do White Album-, músicas mais “rockeiras”. O Lado B, com a exceção de “Here Comes The Sun”, pode ser considerado a primeira tentativa de se compor uma “Ópera Rock”. Todas as nove canções se encaixam em uma estrutura coesa, começando com a sombria “Because”, indo até o término com a frenética e depois calma “The End”, terminando como se fosse uma voyage, no sentido baudelairiano do termo; mas depois da pausa, tem-se o presente para ela. Alguns anos depois os Sexs Pistols fariam uma canção afirmando o contrário. 

Se utilizássemos a teoria do crítico estadunidense Harold Bloom sobre a “Angústia da influência”, diríamos que os Beatles se encontram no centro do cânone da música pop serial. Basta vermos o impacto que as composições e os álbuns causam nos procedentes. “Come Together” é a faixa que abre o álbum, com um dos riffs e um dos refrões mais populares de todos os tempos: “Come together / right now / over me”. O vocal de John é “arrastado”, a sua prosódia está em um meio termo entre o falado e o cantado-, modelo este que seria a base do Rap. 

A segunda composição “Something” é a segunda música mais regravada do Beatles, perdendo apenas para “Yesterday”. Contrariando Frank Sinatra, que dizia ser “Something” a sua composição predileta da dupla Lennon-McCartney. A autoria é de George Harrison, que a compôs em homenagem a sua esposa Pattie Boyd, que ainda ganharia “Layla” de Eric Clapton. Além da letra e da melodia, tem-se o espetacular baixo de Paul, o que resultou em uma das mais famosas lendas sobre os Beatles: a de que Paul queria “sacanear” o George, criando uma composição para baixo fenomenal.

A faixa seguinte é uma típica composição Lennon-McCartney “Maxwell’s Silver Hammer”, um rock experimental com as marteladas de Mal Evans-, o que contrasta com faixa seguinte “Oh! Darling”: uma típica composição, chorosa, de Paul, com uma levada que caminha entre o vocal de Blues e de Soul. Em seguida, há a “faixa Ringo” de cada álbum: “Octopus Garden”-, uma boa composição do baterista. O Lado A termina com a pesada “I Want You (She’s so Heavy)”; uma verdadeira precursora do Hard Rock e do Heavy Metal. Uma típica canção Lennon, que se assemelhando às outras como “Yer Blues”; “Happiness Is A Harm Gun”; “Tomorow Never Knows”. A melodia é lenta, com destaque para os solos de guitarra de George e para a bateria de Ringo, que dão um tom pesado (heavy) para a música. A faixa é uma composição pesada e sombria. 

Here Comes The Sun” abre o Lado B, sendo outra famosa composição de George Harrison, que se mostra um excelente compositor. Em seguida, têm-se quase dezessete minutos ininterruptos de música, todas as outras nove composições se encaixam como se fossem uma única faixa. Começa-se com “Because”, com um vocal de John, passando por “You Never Give Me Your Money”, cantada apor Paul; por “Sun King”, com trechos em vários idiomas; “Mean Mr. Mustard” e “Polytheme Pam”, tendo um crescendo com “She Came In Trhough The Bathroom Window”-, chegando à calma “Golden Slumber” (inspirada em uma música de acalanto), que se segue por “Carry That Weight” e termina com “The End”, neste ponto tem-se o melhor solo de bateria jamais tocado por Ringo. 

O fim da opereta é anunciado, o álbum é lançado-, os quatro atravessam as faixas da rua Abbey Road. Há a teoria da conspiração: “Paul is Dead”, seus olhos estão fechados-, está descalço. Deixando de lado a teoria de lado, o A e o B são ambos diferentes; mas com uma grande qualidade a sua maneira; o que originou um álbum sintético, com características de todos os álbuns anteriores concebidos pelo Fab Four. O disco começa com “Come Together”; “The End” não é niilista como a de Morrison. Ouçam o disco em estéreo ou mono (se possível em um conjunto Marantz), acabou o Lado A-, a agulha subiu após “I Want You (She’s so Heavy)”, levante-se e vire-o: “Here Comes The Sun”.