Ciclo de Filmes Comentados: O Cinema Autoral de Kim Ki-Duk

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Duplo Compasso

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Episódio em dois cantos.
Erata do Orfeu de lira.
Evoé Baco as Pítias.
O coro dos mascarados.

Sabias Bacantes, pobre mortais.
Engole o canto, enebria as vozes.
Perséfones voltou, Eurídice chora.
O Sol trama, a dúvida separa.

Roda, desce, roda-, não confia nela.
As unhas estripam, os dedos cortam.
O mundo vira, a cabeça rola.

Mãos separadas, cabeças cortadas.
Beber, cantar-, em ciclos dançar.
Morrer, estripar-, compor.

Araraquara, 17 de março de 2010

Cine Campus: Abre los Ojos

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Trailer de Preso na escuridão

Trailer de Vanilla Sky

Paul MacCartney cantando Vanilla Sky

Trainspotting de Iggy Pop: Lust for Life

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LUST FOR LIFE, Johnny vem pela rua abaixo correndo-, disseram-lhe: escolha um trabalho, uma família, um seguro, uma roupa, um carro, um futuro-, uma vida. Há porquê escolher? Ele deve correr pelas ruas de Edimburgo. Quando “Trainspotting-Sem limites” (Trainspotting, U. K., 1996) foi lançado no Festival de Cinema de Cannes do mesmo ano, na categoria “Um certo olhar” (Un Certain Regard)-, em uma sessão “maldita”, a hora em que foi exibido-, não condizia com o impacto e com a sua qualidade.

Quentin Tarantino havia causado a mesma sensação dois anos antes com “Pulp Fiction: Tempos de Violência” (Pulp Fiction, EUA, 1994), se bem que nunca fui fã de seus filmes-, com uma pequena exceção do seu primeiro longa “Cães de Aluguel” (Reservoir Dogs, EUA, 1992), misture a fase noir de Godard e Scorsese em “Táxi Driver” (EUA, 1976) e voilá-, tem-se Quentin “popiorado”.

“Trainspotting-Sem limites” é uma produção independente escocesa dirigida por Danny Boyle, baseada no romance underground homônimo de Irvine Welsh-, com excelentes atuações dos estreantes atores Ewan MacGregor, Johnny Lee Miller e Kelly MacDonald. O por quê do filme tornar-se um dos mais cultuados da década de 90 do século passado, mesmo mostrando a trajetória de um curto período de vida de um jovem junk? Ele não é moralista boçal como outros filmes da mesma década como “Diário de adolescente” ou “Cristiane F.”.

As questões mostradas no filme não são de caráter moralista, e sim situacional-, há uma correlação entre todos os elementos narrativos e formais. Tem-se um excelente tratamento da Linguagem Cinematográfica com boa Direção e Fotografia-, além da edição. O grande destaque fica por conta da trilha sonora, que tem Iggy Pop como elemento central e divulgador-, tanto que o videoclipe da música “Lust for life” e o trailer dialogam entre si. Putz! A música “Perfect Day” de Lou Reed dá ritmo a melhor cena do filme. Ah! Cansei de escrever. Vou ouvir “TRANSFORMER”, acabara de ver Trainspotting-, agora, escutar "Berlin".


Ficha técnica:
título original:Trainspotting
direção: Danny Boyle
roteiro:John Hodge, baseado em livro de Irvine Welsh
gênero:Drama
duração:96 min
ano de lançamento (U. K.):1996
site oficial:http://www.miramax.com/trainspotting
estúdio:PolyGram Filmed Entertainment / Channel Four Films
distribuidora:Miramax Films / PolyGram Filmed Entertainment
produção:Andrew Macdonald
música:Georges Bizet
fotografia:Brian Tufano
direção de arte:Tracey Gallacher
figurino:Rachael Fleming
edição:Masahiro Hirakubo

Elenco
Ewan McGregor (Mark Renton)
Ewen Bremner (Daniel Murphy)
Kevin McKidd (Tommy MacKenzie)
Robert Carlyle (Francis Begbie)
Kelly MacDonald (Diane)
Peter Mullan (Swanney)
James Cosmo (Sr. Renton)
Eileen Nicholas (Sra. Renton)
Susan Vidler (Allison)
Jonny Lee Miller (Simon David Williamson)
Pauline Lynch (Lizzy)
Trailer
Lou Reed, Perfect Day

Cine Campus: Martin Scorsese

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Os Beatles e a Linguagem Audiovisual Pop

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Bibliografia básica do curso:
História da música / Estética musical / Linguagem musical
ALALEONA, Domingos. História da música. 12 ed. São Paulo: Ricordi, 1978.
HOBSBAWN, Eric. A era dos impérios: 1875 – 1914. 7 ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2002.
HOBSBAWN, Eric. As artes pós 1950. In: __. Era dos extremos: o breve século XX – 1914– 1991. São Paulo: Companhia das letras, 1995.
ROSS, Alex. O resto é ruído: escutando a música do século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
SCHAFER, Murray. Ouvido pensante. São Paulo: Editora unesp, 1991.
TATIT, Luiz. Semiótica da canção: melodia e letra. São Paulo: Escuta, 1994.
WISNIK, José Miguel. O som e o sentido. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

Jazz
BERENDT, Joachin. O jazz: do rag ao rock. São Paulo: Perspectiva, 1975.
BLESH, Rudi. Combo: oito histórias do jazz. São Paulo: Cultrix, 1974.
HOBSBAWN, Eric. História social do jazz. 6 ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2009.
SCHULLER, Günther. O velho jazz: suas raízes e seu desenvolvimento musical. São Paulo: Cultrix, 1970.
STEARNS, Marshal. A história do jazz. São Paulo: Martins, 1964.

Blues
MYRUS, Donald. Baladas, blues e música jovem. Rio de Janeiro: Lidado, 1970.
OLIVER, Paul. The meaning of the blues. New York: Collier books, 1982.
RIBEIRO, HELTON. Blues. São Paulo: Abril, 2005.

Rock’n roll / Rock / Música Pop
BANGS, Lester. Reações psicóticas. São Paulo: Conrad, 2005.
CESAR, Lígia Vieira. Poesia e Política Nas Canções de Bob Dylan e Chico Buarque. São Carlos: Editora da UFSCAR, 1993.
CORRÊIA, Tupâ. Rock: nos passos da moda – mídia, consumo e mercado cultural. Campinas: Papyrus, 1989.
VEHARA, Helena. Joy division – New order: nada é mera coincidência. São Paulo: Landy, 2006.
FROÉS, Marcelo. Bob Dylan por ele mesmo. São Paulo: Martin claret, 1994.
COSTA, Jéferson Magno. A mensagem oculta do rock. Rio de Janeiro: Casa publicadora das assembléias de deus, 1986.
JANOTTI Jr., Jeder. Aumenta que isso aí é rock’n’roll: mídia, gênero musical e identidade. Rio de Janeiro: E-Papers serviços editoriais, 2003.
McNeil, Legs. Mate-me, por favor. Porto Alegre: L&PM, 2001. 2v.
LEMOS, José Augusto. Rock’n’roll. São Paulo: Abril, 2003.

Cinema / Audiovisual
ARISTARCO, Guido. O novo mundo das imagens eletrônicas. Lisboa: Edições 70, 1985.
GILLES, Marsolais. Monterey pop – D. A. Pennebaker. In:__. L’anventure du cinema direct. Paris: Seghers, 1974. p. 235 – 245.
GOODWIN, Andrew. Dancing in the distraction factory: music, television and popular culture. Minneapolis: University of Minneapolis, 1992.
NEAVERSON, Bob. The Beatles movies. Londres: Cassel, 1997.

Teoria e Sociologia da comunicação
DELEFLEUR, Malvin. Teorias da comunicação de massas. Rio de Janeiro: ZAHAR, 1997.
FAGEN, Richard. Política e comunicação. Rio de Janeiro: ZAHAR, 1971.
LIMA, Luiz Costa (org). Teoria da cultura de massas. 4 ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1990.
LOPES, Edward. Fundamentos da lingüística contemporânea. São Paulo: Cultrix, 1995.
MOLLES, Abrahan. Teoria da informação e percepção estética. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1969.
PIGNATARI, Décio. Informação, linguagem e comunicação. São Paulo: Perspectiva, 1969.

The Beatles

DIRANI, Cláudio. Paul MacCartney: todos os segredos da carreira solo. São Paulo: Lira, 2005.
FERAZ, Bento. The Beatles: 50 anos depois. São Paulo: DBA, 2008.
HEYLIN, Clinton. Sgt. Peppe’s Lonely Hearts Club Band: um ano na vida do Beatles e amigos. São Paulo: Conrad, 2007.
MILLES, Barry. Paul MacCartney: many years from now. São Paulo; DBA, 2005.
MUGGIATI, Roberto. A revolução dos Beatles. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.
NORMAN, Philip. John Lennon. São Paulo: Companhia das letras, 2009.
NORMAN, Philip. Shout! The Beatles in their generation. New York: Fireside, 1981.
PACHECO, Lívia de Morais. The north of England way: um estudo das estratégias audiovisuais dos filmes dos Beatles. Monografia – Comunicação social e jornalismo. Universidade Federal da Bahia, 2005. UFBA.
QUANTICK, David. Revolution: the making of the Beatles’s white album. London: Unanimous, 2002.
RUSSEL, Jeff. The Beatles: gravações comentadas e discografia completa. São Paulo: Larousse, 2009.
SPITZ, Bob. The Beatles. São Paulo: Larousse, 2008.
TURNER, Steve. The Beatles: a história por trás de todas as canções. São Paulo: Cosacnaif, 2009.
WENNER, Jans. Lembranças de Lennon. São Paulo: Conrad, 2001.

Documentários

BOB DYALN - DON’T LOOK BACK. Dir. D. A. Pennabaker. (EUA, 1966)
THE BEATLES ANTHOLOGY. Dir. Bob Smeaton. (U. K., 1995)
BOB DYALN - NO DIRECTION HOME. Dir. Martin Scorsese. (EUA, 2005)
GEORGE HARRISON: THE QUIET ONE. (U. K., 2001)
JOHN LENNON - IMAGINE MOVIE. (U. K., 1989)
ATRAVESSANDO A PONTE DE ISTAMBUL. Dir. Faith Akin (Alemanha, 2005)
BOTINADA: A HISTÓrIA DO MOVIMENTO PUNK NO BRASIL. Dir. Gastão Moreira. (Brasil, 2003)
HYPE. (EUA, 1996)
SYMPATHY FOR THE DEVIL. Dir. Jean-Luc Godard. (U. K., 1967)
BLUES - ROCK - FESTIVAL EXPRESS. Dir. Bob Smeaton (EUA, 1970)
THE ROLLING STONES – GIMME SHELTER. (EUA, 1969)
INSIDE PINK FLOYD – A CRITICAL REVIEW – 1967 – 1974. (EUA, 2008)
BRYAN WILSON – SMILE. (EUA, 2005)
BLUES - UMA JORNADA MUSICAl. Dir. Win Wendres; Martin Scorsese, Clint Eastwood. (EUA, 2003)
A HISTÓRIA DO JAZZ. (EUA, 1993)

Cine Campus: Bob Dylan

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Zimmerman NO DIRECTION HOME Dylan
por Breno Rodrigues de Paula

Na sua famosa composição niilística “God”, John Lennon enumera vários nomes que ele não acredita. Dentre estes nomes está o de Robert Zimmerman. Indagado, em uma célebre entrevista para a revista Rolling Stone em 1970, o porquê de ter dito não acreditar em Zimmerman ao invés de Dylan, Lennon diz que não acredita em Dylan e que há apenas Zimmerman. No documentário “No Direction Home”, dirigido por Martin Scorsese, pode-se ver justamente a transformação de Robert Zimmerman em Bob Dylan-, da sua infância em Hibbling-Minnesota, EUA, até a sua grande turnê européia em 1966, no qual Dylan era Bob Dylan.

A estrutura do documentário é simples e seus aspectos formais são tradicionais dentro do gênero. Há o depoimento de Dylan, contando fatos de sua vida, acontecimentos de sua carreira, além de seus próprios comentários sobre todo o conteúdo da narrativa. Os depoimentos de Dylan mesclam-se com entrevistas de pessoas que conviveram com o “Menestreu” como Joan Baez, Allen Ginsberg, Dave von Ronk, Suze Rotolo, Pete Seeger dentre outros. Os depoimentos e as entrevistas se amalgamam com vídeos, fotos e entrevistas da época, além das performances de Dylan e sua banda.

A temática do documentário é divida em temas que tentam desvendar a “metamorfose” e os restícios de Zimmerman em Dylan. A passagem, ou melhor dizendo, a fusão da música Folk com o Blues e o Rock. Cada tema é introduzido por uma performance de Dylan, o que sintetiza e introduz a temática do capítulo.

O documentário mostra todos os dramas e as etapas da passagem de Zimmerman para Dylan-, no plano musical, bem como as implicações e conseqüências desta mudança para a música Folk e para a música Pop. O cantor de músicas de protesto, que cantou na histórica marcha pelos direitos civis em Washington, onde Martin Luther King fez o seu mais célebre discurso, é vaiado poucos anos depois por usar percussão e guitarra elétrica -, é então chamado de traidor da música Folk.

Um dos pontos altos do documentário é o capítulo reservado à música “Like a Rolling Stone”. Todo o processo de composição, de gravação e de lançamento é mostrado. “Like a Rolling Stone” é um marco para a história da música Serial do século XX, por ter ampliado as possibilidades formais da música Pop. A canção não estaria mais presa a uma forma fixa, pequena e limitada-, seus limites formais foram ampliados.

Por quantas estradas um homem deve caminhar para que o chamem de homem? No documentário “No Direction Home”, Martin Scorsese caminha até o ano de 1966, no qual o mundo passou a conhecer apenas e somente Bob Dylan. Ao final de 208 minutos de documentário podemos entender o que foi e o que é Bob Dylan. Podemos conhecer mais profundamente um gênio por trás de grandes composições como “Blowin’ In The Wind”, “A Hard Rain’s A- Gonna Fall”, “Subterranean HomesickBlues”, “Mr. Tambourine Man” e, é claro, “Like a Rolling Stone” e ter certeza que os gênios fazem as suas próprias regras. Mas Zimmerman e Dylan ainda possuem traços em comum, o primeiro é Robert, o segundo, Bob, este diminutivo daquele.